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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

REVEILLON

A primeira vez que fui á um baile, foi no reveillon de 1969, eu fazer 14 anos.
Era O Clube Municipal de Tabatinga, em frente ao jardim,e Sirlei Andrade era minha companhia.
Minha tia Cleide, me deu de presente um vestido de piquê branco, decote em V, recorte abaixo do busto, com dois botões dourados, bem curtinho, moderníssimo.
Até então, eu nunca tinha visto ceia e nenhum outro ritual de passagem de ano.
Em casa rolava um clima de festa, mas comemorava-se no almoço do dia primeiro de janeiro.
Nas cidades do interior, nessa época , a passagem do ano,era realmente comemorada nos clubes, baile de gala, melhores orquestras, melhores roupas.
O clube era enfeitado, as mesas recebiam champagne e arranjos á luz de velas.
Eu olhava tudo encantada.
Embora no local não tivesse ninquem da minha familia, só meu irmão mais velho e os amigos, fiquei emocionada quando pela primeira vez, á meia noite, vi todos começaram a cantar com a orquestra "Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender".
Olhos marejados, esperançosos. Encantados.
Abraços carinhosos dos amigos daquela pequena cidade.
Meu mundo era só aquilo e me parecia tão grande, parecia que não faltava nada, estava tudo ali.
Desde esse reveillon, passei a comemorar essa data, a meia noite, com boa dose de saudade do que estava deixando para tráz uma dose muito grande de esperança e expectativa para o novo ano
Nesse dia, nessa hora, as esperanças crescem,o otimismo prevalece e nos ajuda a viver.

domingo, 25 de dezembro de 2011

NATAL NA MINHA INFANCIA

È claro que todos têm histórias de Natal em suas vidas, dessas marcantes, inesquecíveis.
O Natal é uma data que não tem como passar em branco, ser mais um feriado qualquer, embora alguns não admitam, no natal a gente sempre entra no clima.
 Realmente, existe o “espírito de natal”. Independentemente das questões comerciais, as pessoas tendem a sentir o espírito de solidariedade mais intensificado, a fraternidade se faz presente, a família se aproxima, as pessoas querem os familiares por perto, sentem saudade em dobro dos que já não estão mais aqui.
 Quando criança, em Tabatinga, acreditei piamente em Papai Noel, até meus 9 anos de idade.
 Embora com muita simplicidade, meus pais mantinham a crença. Eu e meus irmãos, sempre ganhamos de presente de Natal, exatamente o que pedíamos, mas, engraçado, a gente só pedia aquilo que sabia que eles podiam comprar.
Nunca ninguém pedia bicicletas. Eram os brinquedinhos que a gente via na vitrine da única loja de presentes da cidade.
 Ao contrario a minha irmã, eu nunca pedi boneca de presente. Sempre escolhi, brinquedinhos bonitinhos e esquisitos, como uma galinha de plástico que botava ovinhos coloridos.
 A gente colocava os ovinhos na boca da galinha, ela se baixava e botava um ovinho.
Eu achava o máximo da tecnologia. Uma vez contei essa história para o Decio meu marido, e acredita que ele me deu uma de presente, nem sei onde ele achou… (esse homem não é demais?)
 Meus pais cumpriam o ritual de ir à véspera de natal comprar os presentes, escondidos. Nós colocávamos os sapatinhos na janela, e acordávamos com o presente devidamente colocado sobre eles.
Aì vinha o encantamento de desembrulhar, sorrir, correr pra rua, encontrar com os amigos, mostrar os presentes, revezá-los nas brincadeiras.
 Na minha família, não fazíamos ceia, só o almoço no dia de natal, quando a família de meu pai se reunia todinha na casa dos meus avós. Tios, primos, muita conversa, risadas, FAMILIA.
O cardápio era simples e muito bom. Arroz ao forno, macarronada, frango e leitoa assados e recheado, maionese, manjar de coco com calda de ameixa de sobremesa.
 Eu escrevia cartas para o Papai Noel, fazia meu pedido, os de meus irmãos, cantarolava as musicas de natal, o dia inteiro.
 Montar a arvore de natal, era um momento mágico. As crianças ficavam em volta, animadíssimas, ajudando, olhos brilhando. Quando eu tinha 9 anos, meus pais foram comprar os presentes, eu fiquei com a minha irmã de 7 anos, e o meu irmão caçula, com uns 2 anos de idade. A idéia de segui los foi da Liliana.
 Deixamos meu irmão Zé Luiz sozinho dormindo, e fomos atrás deles.
 Eu relutava em ir, a Lile insistia…E Então nós os vimos na loja, fazendo as compras. E fomos descobertas. Na hora, gelei.Tínhamos feito traquinagem das bravas e deixado meu irmão sozinho. Imaginei que íamos levar muita bronca, mas movidos pelo clima natalino, surpreendentemente meus pais acharam graça, ficou tudo bem.
Os almoços natalinos eram embalados sempre pelo mais recente disco do Roberto Carlos, presente que todo ano minha Tia Vera ganhava.
 Não havia presentes de padrinhos, tios. Só dos pais. A primeira exceção foi quando meu tio Rosalvinho, que começou trabalhar no Banerj, e comprou para todos os sobrinhos, patinhos de pelúcia da Disney.
Presentes, pessoas e momentos inesquecíveis...



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

GRANDE AMIGA. SAUDADES

5 MESES
Desde que me casei, sempre tive cachorros em casa. E a medida que fui convivendo com eles, mais fui me encantando .
Inteligentes, amáveis e amigos. Que mais poderia dizer sobre eles?
Há duas semanas atras, morreu Judy.
Uma Husky siberiana linda,  educada e elegante, que estava conosco há11 anos.
Saimos á noite e a deixamos em casa saudável.
Ao voltarmos, ela estava morta. Atônitos, sem entender como e porque, o Decio encontrou um sapo enorme, que ela havia matado.
Não sei como ele chegou por aqui. Minha casa tem muro alto.
Nem sabia que sapo tinha veneno tão letal assim.
Eu e o Decio choramos muito, muito.
Para quem não gosta de cachorro e não entende: uma dor real, grande, verdadeira, como se tivesse morrido um parente querido.
POSANDO NA CAMA
Dessa dor que demora a passar, que voce sente o coração apertado literalmente.
Chegar em casa e achar a casa vazia, triste, feia.
Judy foi um presente de meu primo Luiz Arnaldo, que ao ver no canil, aquele filhote lindo, levou para seu apto em SP.
Não deu. Husky e apto não combinam...
Sabendo o quanto eu e Decio gostavamos de cachorros, ele nos deu de presente.
Judy, era uma cachorra "na dela". Acho que bem tipico da raça, não latia, uivava as vezes.
Classuda, impunha-se perante os outros cães, era dona do pedaço.
Não abocanhava nada, nem pedaços de carne. Tudo em pedacinhos pequenos que ela mesma dividia. Delicada, batia com a pata na vasilha de ração, espalhava e ia pegando a ração uma a uma.

A UM ANO ATRAS
Comia devagar. Não tinha lances estabanados, pular no colo, derrubar coisas. Chegava devagar, mansa.
Olhos azuis, por isso eu a chamava de Ana Paula Arósio.
Comigo ela tinha um bom relacionamento e só.
A paixão dela era o Decio. Cantava qdo ele chegava, fazia festas e dengos para ele.
Ciumenta, se me via abraçada com Decio, sempre achava um jeito de nos separar e depois me olhar com olhar de vitoria. Eu achava a maior graça.
Ela tinha classe. Uma lady. Eu costumava dizer para Rosana, minha amiga, que eu queria ter na vida a postura da Judy.
Se impor sem muita coisa. Só a presença e postura.
Para nós Judy virou adjetivo. "Ser Judy". "Estar Judy" .
Histórias de meus cães. Fotos da Judy, que eu chamava de "minha linda".
Minha amiga. Saudades

SOLTANDO OS BICHOS

Minha paixão pelos animais foi chegando de mansinho, mas foi arrasadora.
Quando criança, morando em Tabatinga, o primeiro bichinho que me vem á memória, é de um periquito, levado por meu pai.
Bonitinho, esperto, até falava, juro, mas ele era do meu pai. A amizade, o envolvimento era entre os dois, eu acompanhava meio distante, mas gostava.
Lembro- me que ele morreu no mesmo dia que o então Presidente Castelo Branco.
Uma associação feita na infância, que ficou para sempre. Talvez tenha sido pelo feriado.
Depois, apareceu um gatinho, nós adotamos, e eu adorava enganar minha mãe e leva-lo para dormir comigo,
Era uma disputa. Eu e a minha irmã brigávamos por ele. Uma graça.
Um dia ele foi atropelado e morreu, em frente minha casa. Todos nós vimos. Foi muito triste. Foi o professor de educação física, quem cometeu o crime, e por todos os anos que morei lá, nunca consegui simpatizar com ele, guardei dele uma raiva eterna.
Certa vez, ganhamos um pintinho amarelinho, coisa mais linda, o batizamos e tudo.
Ele foi crescendo, ficando desengonçado, cara de frango mesmo, e certo dia, lá estava ele na panela.
Eu sei que minha mãe estava criando-o com essa finalidade, era muito comum nas cidades do interior, criar galinhas no quintal, e depois, na época, frango era uma iguaria, de “almoço de domingo”.
Mas eu e meus irmãos choramos muito, não conseguimos comer, e ficamos bravos com minha mãe por alguns dias.
Quando, aos 15 anos viemos morar em Ibitinga, meu pai ganhou um pássaro preto.
Uma relação só dos dois. Meu pai lhe dava comida, carinho e ele fazia festa para o meu pai. Ponto.
Ele viveu muitos anos. Muitos mesmo. Morreu de velhinho.
Nessa fase, meu irmão, o Neto, ganhou de uma amiga, uma cachorrinha Maltês, toda branca, que em homenagem á amiga, ganhou o nome de Mônica.
Hoje me pergunto como alguém dá um cachorro assim, sem menor sofrimento?
Mas ela deu, e todos em casa adoraram. Ela era linda, carinhosa
Lembro-me que a criávamos como eram criados os vira-latas de então.
Comida normal, rua á vontade, muitas brincadeiras e carinhos.
Quando ela morreu, eu já estava morando em SP há uns quatro anos, e visitava-a sempre.
Quando minha mãe me deu a notícia, foi uma dor tão grande, tão inexplicável, que não quis mais saber de bichos de estimação. Ignorei-os totalmente. Deletei.
E pensei que tinha sido para sempre. Ainda bem que eu estava enganada.
Quando me casei, o Decio fez questão de morar numa casa. Ele na maioria de sua vida tinha morado assim. A idéia pareceu-me absurda á principio, mas gostei dela, quando um amigo, Pavel, apareceu com um poodle branco.
Estava á venda e não era barato, poodles não eram comuns.
Era cachorrinho de “madame”. O Pavel propôs “CREDICÃO”. Pagamento parcelado. Minha irmã, Liliana escolheu o nome: Alf.
Na narrativa de minha vida, muitas vezes o Alf vai se fazer presente.
Foi uma paixão, uma grande amizade. Foram 15 anos juntos, de muita companhia , alegria, carinho.
Ele mudou a vida de meu pai, até então, um homem deprimido, recluso, que foi À primeira ceia de natal na minha casa, porque havia comprado uma bola de presente para o Alf, viajou conosco para uma casa de campo, para ver o Alf nadar, saía para passear de carro, porque o Alf gostava ,fez amigos por causa dele, e criaram laços eternos. O Alf gostava de mim, do meu pai, mas amava mesmo o Decio
Quando o Alf morreu velhinho, cego, alguns meses depois de meu pai, eu e o Decio, nos demos conta, que nunca tínhamos ficado sozinhos, sem ele em casa, a solidão ficou maior!
O Decio chorou muito afirmando que perdera o melhor amigo.
Paralelo à convivência com o Alf, tive a Dani outra poodle branca, também adquirida á prazo, que ficou conosco por uns 6 anos, teve filhotinhos com o Alf, que eu doei ou vendi para quem depois de muita análise tivesse confirmado seu amor por animais. Eu costumava dizer que só liberava os filhotes para quem deixasse subir na casa, prova de amor e loucura.
Também tivemos a “Pretinha”, uma vira lata comum, que apareceu ainda filhote na minha casa e foi encontrada pelo meu pai.
Dividimos a guarda dela, o meu pai a adorava, mas ela não durou muito.
Ela havia chegado doente, a tratamos e conseguimos curar, morreu um ano depois, deixando todos tristes, e meu pai prostrado.
O JR irmão do Decio, deu um boxer para meu pai. Lindo. Perfeito. Alegre.
Mas meu pai teve de da-lo para mim, porque á medida que ele foi crescendo, passou á ser um risco para meu pai, com seu braço de hemodiálise.

O Bob morreu garotão, uns dois anos de doença cardíaca, comum em cães dessa raça.
Meu pai, teve mais dois gatos, que ele adorava.
Quando envenenaram o primeiro, meu pai chorou bastante. O segundo gato ficou sob meus cuidados, quando meu pai morreu.
Acreditem, que ele também foi envenenado???
Na volta para Ibitinga, fiquei um tempo sem cães e gatos.
E aos poucos, fui recolhendo uns amiguinhos pela rua.
Primeiro a Xulita, vira lata simpática e horrorosa, que chegou á minha rua, magrinha, feia, e foi ficando, por uns 9 anos, agora morreu.

A Dani (Homenagem á Dani anterior, que gostava muito de mim, mais que do Décio), uma Fox Paulistinha, que luto anos contra uma infecção bucal, que em rondas por veterinários não consegui curar, mas consegui manter sob controle por longo tempo.

O Bob (Homenagem ao boxer anterior) outro cão recolhido da rua,era um cahorro muito simpatico, que mesu vizinhos adoravam,bonachão, guloso, adorava musica. Qunado o som estava ligado, ele se deitava ao lado as caixas de som e de lá não saia nem para comer. Juro mesmo. Se fosse musica clássica e jazz,então...
 A Judy, uma linda e elegante Husky Siberiano, olhos de Ana Paula Arósio, não se importa muito comigo, tinha fixação pelo Décio, mas eu a paparicava mesmo assim.

A Sofia, é uma Labradora linda, cor de caramelo, simpática, folgada, amorosa, presente do Décio para meus sobrinhos Daniel e Gabriel há 7 anos atrás, mora com eles. Só para não contrariar a maioria, ela adooora o Décio.
Tenhop a Naomi, uma vira lata preta, muito serelepe e simpatica
Sem esses meus amigos, não sei se teria conseguido assimilar a dor da mudança, da volta para o interior.
Eles preencheram os espaços de carência, saudades dos amigos, do trabalho,
Em muitos momentos de minha vida, me fizeram companhia, trouxeram-me risos, enxugaram lágrimas.
Despertaram, intensificaram o que há de melhor em mim.
Parceria, companheirismo, amizade, dedicação.
E fizeram com que eu passasse a olhar com desconfiança, quase preconceito, quem não gosta de animais.
Apesar de meu amor por eles, não virei vegetariana.
Não como coelhos, cabritos e carneiros, mas quando vejo um bife, um churrasco, esqueço tudo…
Certa vez, numa festa, uma amiga me ofereceu um pedaço de carne de carneiro.
Recusei e expliquei que nunca comeria um carneiro, que me lembra um poodle. Ela na mesma hora disse que comeria um poodle, se alguém dissesse que é carneiro.
A verdade e limite de cada um.
Com carinho, admiração e respeito para Karen do blog http://cafenatiffanys.wordpress.com/