Páginas

terça-feira, 28 de agosto de 2012

NAQUELES DIAS

De novo,escrevendo inspirada em temas que vi no blog vidamaria.blog.terra.com.br da Mari.
Ela escreveu um post sobre a primeira menstruação e a menopausa.
Impossível não falar das minhas experiências nesse tema. Para uma mulher que hoje tem 56 anos, tudo era tão diferente… Não havia nenhuma informação sobre sexo. Não consigo me lembrar até quando acreditei na cegonha. Tudo era um mistéeeriooo.
Lembro me de como ficava intrigada quando via nas pagina das revistas um anuncio sobre absorvente. Céus!! O que era absorvente?
O anuncio de página inteira, desenvolvia-se como se fosse uma fotonovela, e era coberto de enigmas.
Começava com o galã convidando a heroína para uma festa, e ela com um olhar tristonho, recusava e comentava toda chorosa com uma amiga, que estava “NAQUELES DIAS”. Essa frase era repetida várias vezes. “NAQUELES DIAS”. Que dias seriam ???
Oras, a mocinha estava menstruada, e não podia sair de casa, se sentia insegura.
Então, a amiga sugeria que ela usasse o absorvente MODESS e fosse à festa.
Assim é feito. Ela vai toda alegre e saltitante á festa com o namorado e depois aparece feliz contando para amiga que se divertiu na festa e agradecendo a dica. Mas, assim, toda cheia de mistérios e duplos sentidos. Eu não entendia nada…
Na minha primeira menstruação, eu tinha 12 anos, morava em Tabatinga e estava de férias na casa dos meus avós em Ibitinga.
Eu nunca tinha ouvido falar no assunto.
Fui tomar banho, vi um pouco de sangue, me assustei.
O que estaria acontecendo??? Eu ia morrer???
Calada, fui lavar minha calcinha no tanque, coisa que eu nunca tinha feito. Minhas tias estranharam…
Na hora do jantar, eu continuava calada, vivendo momentos de angustia. O que estaria acontecendo comigo?
Não quis jantar. Minhas tias estranharam de novo, e quando me perguntaram eu tinha, comecei a chorar.
Aí começaram as perguntas:
”Você está com saudades de sua mãe?”
Eu negava com a cabeça.
“Brigou com alguma amiga?”
Negando e chorando. Não, não, não.
“Quer isso, quer aquilo?”
Só negando com a cabeça: não, não e não.
E assim, se passou algum tempo. Perguntas, choro e negação.
Então minha tia Cleide, me chamou até o quarto, só nos duas e me fez a pergunta crucial:
“Por acaso, saiu um pouco de sangue?”
Sim claro, como ela sabia?
Ela juntou as figuras do quebra cabeça: minhas lágrimas e a estranha atitude de lavar a calcinha. BiiingoOOOOOO.
Ela perguntou, se eu estava sentindo cólicas, depois de me explicar o que eram cólicas. Não sentia, mas respondi que sim, achei que ficaria mais importante.
Perguntou se eu queria me deitar, colocar os pés pra cima. Agora eu dizia que sim, para tudo.
Me deu absorventes. Finalmente!!!
À noite, os vizinhos puseram cadeiras na calçada como era costume, ficaram conversando e de vez em quando eu via uns cochichos: ela ficou”mocinha”.
Fiquei mocinha, nas férias de julho de 1968.
Mocinha, correndo e brincando pelas ruas.
Todo o resto fui aprender muuuuuito tempo depois. Outros tempos.
Nem melhor, nem pior.
 Outros tempos…

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

AMIZADE DE INFANCIA É PARA SEMPRE II



Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distancia digam não.
Bem pensado e bem dito.
Os amigos, mesmo aqueles que o tempo e a distancia se fazem valer, ficam as lembranças na memória e no coração. Ficam para sempre.
As minhas primeiríssimas amigas, o tempo e a distancia disseram não. Só ficaram as lembranças, e a saudade.
Minha primeira amiga em Tabatinga, quando ainda cursava o curso primário, foi a Célia Giansante. Já falei sobre ela .
No curso ginasial, também em Tabatinga, minhas melhores amigas eram a Sirlei Andrade, e a Marli Fugikata. Éramos colegas de classe, íamos e voltávamos juntas da escola.
 Primeiro eu passava na casa da Marli, depois Sirlei, e andávamos uma boa distancia á pé. Não era comum os pais levaram os filhos na escola, mas a gente curtia a caminhada, era um dos momentos mais divertidos, conversávamos muito, colocávamos a conversa em dia, parávamos para conversar com os outros colegas, corríamos para fazer tarefas escolares que por ventura estivesse faltando, não a Marli, claro,  como sempre  senso de responsabilidade nota 10.
Foram quatro anos de amizade intensa, contatos diários.
Com a Sirlei, o contato era maior ainda, porque saíamos juntas tambem aos domingos, íamos a missa, cinema, passeio na praça, paquerávamos e a Marli não. Ela não gostava de sair. Só se interessava pelas novidades na segunda feira.
Teve uma fase em que ela e a Sirlei brigaram, não me lembro o motivo, mas ficaram muito tempo sem se falar, mas hoje acho muito engraçado, eu continuava passando na casa da Marli, depois da Sirlei, e íamos juntas para o colégio.
Eu ficava entre elas, e servia de ligação nos diálogos, as duas só falavam comigo, eu distribuía os diálogos. Acho que essa situação durou por mais de ano, até o dia que não pude ir aula, elas tiveram que ir sozinhas, na ida, foram juntas em silencio, na volta, já estavam amigas.
Quando aos 15 anos, me mudei para Ibitinga, continuamos amigas, nas férias eu passava no mínimo uma semana hospedada na casa da Sirlei, numa integração total, amizade pra valer.
 Na casa da Marli, eu só fazia visitas. Depois dos 18 anos, quando me mudei para SP, nunca mais as vi, perdemos o contato totalmente,
Qdo voltei a morar interior, mais de  30 anos depois, soube que a Sirlei havia se formado professora e casado com o Dito, primeiro namorado, que chequei a conhecer, e se mudou para Nova Europa, uma cidadezinha na região.
E  passeando em Tabatinga, vi a Marli.
 Pedi para o Décio parar o carro, desci, fui ao seu encontro, me identificando toda sorridente, feliz por vê-la.
“Oi Marli, sou a Picida”. Acho que pensei que ela fosse me abraçar:”Oi que saudades, por onde andou? O que tem feito?”. Ela :’Oi, tudo bem?”
Então, eu que converso até com parede, fiz perguntas, ela me disse que morava em Brasilia, acho que disse que tem um desses empregos federais, e fez uma única menção ao nosso passado:” Outro dia, falei de você para meu chefe, contei para ele que tive uma amiga na escola, que fazia todas as minhas redações, lia meus livros e fazia os meus resumos “ Trocamos os telefones. Ninguém ligou pra ninguém. Nunca mais nos vimos.
Acho que o reencontro emocionado era uma fantasia minha.
Fantasia que alimentei com doces lembranças.
A estima e carinho pelas duas amigas,permanecem .
Do lado esquerdo do peito. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

AMIZADE DE INFANCIA É PARA SEMPRE

Das histórias da  primeira fase da minha adolescencia, tenho que registrar tambem mais duas amigas.
A Regina Elisa e eu sempre estudamos na mesma classe, e sempre nos demos muito bem.
Ela era baixinha,  e sempre alegre, muito simpática, meiga, doce.
Ela perdeu o pai, ainda criança,e eu passei então a freqüentar mais sua casa, costumava ir lá ver TV á noite, assistir novelas, conversar, sobre moda, escola, namorado.
Foi na sua casa que assisti Roberto Carlos no histórico programa “Quem tem medo da Verdade”, o final da novela Beto Rockefeller.
Numa das eleições da Rainha dos Estudantes da cidade, cada classe escolhia sua candidata, votei nela e fiz campanha. Deu certo, ela foi escolhida para representar nossa classe, e participar do baile onde o júri escolheria a Rainha.
Eu não podia sequer ir ao baile, não tinha como fazer um vestido para ocasião, pagar para entrar, não dava, mas ajudei com dicas para roupa, maquiagem, cabelo, ajudei a se arrumar, só fui embora quando ela foi para o clube, na maior ansiedade, torcendo muito.Só a participação para ela foi uma vitória.
A Lucia Salata, era sua vizinha e as duas estavam sempre juntas, eram amigas, A Lucia também estava na nossa classe, era da nossa turma. A Lucia era uma moça bem interessante. Alta, magra, olhos verdes atentos e bonitos, sorriso de dentes largos e brancos. Usava óculos grandes e modernos. Eu percebia que ela gostava de conversar comigo, e conversas sérias, ela se interessava por aprender, saber mais da vida, das pessoas, trocar idéias,idéias de meninas de 14 anos, .Num domingo, após a sessão do cinema, a Lúcia e eu ficamos na praça conversando com o Osmar Malaspina e um amigo
O Osmar já fazia faculdade, era de fato um intelectual, mas que dava papo pra gente, aprendi muita coisa com ele. Era bonitinho, cabelos claros cacheados, olhos verdes.
Nós ficamos conversando, já estava ficando tarde meu horário era reguladíssimo, eu queria ir embora. Cada vez que eu falava para irmos, a Lùcia, me cutucava, apertava minha mão, como se dissesse “dá mais um tempo”.
Eu percebi que havia uma paquera. Deduzi: O Osmar. Mais velho, intelectual, como a Lucia gostava.Na segunda feira, na escola, já comecei a tratar a Lucia como flerte do Osmar. Ela sorriu, nunca negou, e depois assumiu uma paquera pra valer, que nunca virou namoro, mas durou muito tempo. Ela começou a gostar mesmo dele.
Um dia, muito tempo depois, ela me confessou que naquele domingo que quis ficar até mais tarde na praça conversando com os rapazes, não foi pelo Osmar, era o outro. Pois é. Cabeça das mulheres. Confusa e complicada desde sempre. Ela disse que começou a se interessar pelo Osmar por minha causa, em decorrência da minha confusão. Depois virou de verdade. Um sonho só dela.
A Regina Elisa soube que se casou com um jogador de futebol profissional, se formou em engenharia, teve filhos, mas também nunca mais vi.
A Lucia reencontrei recentemente, graças a internet!
O encontro, a primeira visão mesmo, foi muito interessante.
Não havia passado o tempo, não havia o intervalo de 40 anos.
Éramos nós duas, intensas e sinceras, de verdade
Mais vividas, mas com a mesma essência. Então, éramos nós.
Ela surpreendentemente sem ter engordado um kg sequer (acho que entra no uniforme do colégio sem apertos), mesma cara, mesmo sorriso
Conversas tumultuadas, cruzadas, perguntas com e sem repostas, um fuzuê.
A Lucia, educada, elegante, inteligente, com observações espontâneas sinceras, com humor afinado, refinado.
Humor e inteligência.
Essa é a Lucia que reencontrei, que quero manter, que acho que sempre tive.
Ela sempre esteve comigo, nunca deixou de estar.
Só que agora, mais perto.E espero, para sempre.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

BALANÇO

E eu não estou falando de samba, de dança, de música. Não estou falando de “balanço, mas não caio”. Também não é balanço contábil.
Balanço de vida.
Às vésperas de completar 60 anos, estou com 56, resolvi parar para pensar nas perdas, nas conquistas, sucessos, fracassos, alegrias, decepções.
A vida que levei, a vida que tive, a que foi acontecendo, a que escolhi ter.
As vezes em que pude optar, as vezes em que não pude fazer nada.
Na lista, do que recebi de bom, poderia começar pela família que tenho. Igual á tantas outras, com brigas, discussões, solidariedade e amor.
De boa escolha, poderia falar da opção de ir para SP aos 18 anos, para trabalhar e estudar.
De bom nessa escolha, os lugares que trabalhei, freqüentei, e os amigos que fiz e ficaram.
Tudo o que aprendi, estudei, e conheci.
São Paulo é para profissionais.
Em qualquer função, em qualquer atividade, até na de simplesmente viver lá.
È para gente grande, e é tão bom…
E quem pode reclamar da vida, dos percalços nela inseridos, das batalhas perdidas, da eventual falta de grana, do peso extra que o passar do tempo trouxe, se nesse balanço, nesse saldo, saio com força e vontade para as batalhas que virão, as lutas que criarei, os os sonhos que sonharei, os quilos que perderei. 
O que ainda conquistarei.
Como reclamar de qualquer coisa, se nesse balanço, no saldo surge o Décio. È o homem que amo, é o que sonhei.
Companheiro, amante, amigo, solidário. Parceiro em TODOS os momentos da minha vida.
Nos trágicos, dificíeis, felizes. Importantes e banais.
Parceiro nas decisões profissionais, nas dificuldades financeiras, parceiro com meus amigos, com minha família.
Parceiro na faxina, na cozinha, nos passeios, viagens.
Parceiro nas descobertas da vida.
Tão boa gente, e comigo há 30 anos.
E acho que o melhor dessa avaliação, desse balanço, é a esperança que trago em mim, de que sempre o que não está bom, pode melhorar.
A esperança de 56 anos é a chance de lidar com a vida com vigor, somado á experiência.
A experiência ganha, faz toda diferença.
Eu quero é mais…

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CABELOS ! CABELEIRA!

Toda mulher tem uma relação especial com seus cabelos, e certamente dedicam á eles atenção especial.
Até aquelas que parecem não se importar, as que usam os cabelos de maneira despojada, o despojado é programado, intencional, até a última raiz do cabelo.
Quando criança, eu odiava meus cabelos cacheados, sonhava em ter cabelos lisos e longos. Não dava.
Havia apenas um salão de cabeleireira em Tabatinga, cortava e pronto. Nada especial.
Quando tinha 15 anos, morando em Ibitinga, a cabeleireira cortou meu cabelo raspadinho. A Elis Regina fazia muito sucesso e usava o cabelo assim. Achei bom, ficou moderno e prático.
Alguns anos depois. Quando eu estava com 18 anos, em plena moda hippie, foi a vez dos meus cachos fazerem sucesso, assim, meio Gal Costa. Ficou fácil para arrumar.
Era um desarrumado, arrumadinho.
Aos 18 anos, quando me mudei para Sp, carreguei o cacheado comigo.
 E surgiram as escovas, aquelas que deixavam os cabelos lisos. Arrepiados, mas lisos. Adorei.
 Logo aprendi a usa-la, e descobri também a fidelidade canina que a mulher tem com o cabeleireiro que acerta seu corte.
Ela troca de marido, de namorado, mas o cabeleireiro, vai por toda vida, se ele muda de bairro, cidade, ela acompanha.
A Marta, uma japonesa que trabalhava no Bom Retiro foi a primeira cabeleireira á quem fui fiel. Durante anos ela cortava e fazia escova. Claro, só ela sabia deixar meu cabelo com uma cobiçada franja de Vanusa ( quem tem 50 anos sabe de quem estou falando).
 Certa vez, empolgada com minha franja lisa, resolvi tingir o cabelo de loiro. Fiquei loira por quinze minutos, voltei ao castanho de sempre. Dias depois, resolvi passar um alisante em casa. Os cabelos encruvinharam. Tarde da noite, com o creme alisante nos cabelos, liguei para Marta e com voz aparentando calma, docemente perguntei se podia alisar o cabelo depois das tinturas, e ela disse que NÃO, NUNCA, estragaria o cabelo. Agradeci, e corri apavorada para baixo do chuveiro de roupa e tudo, tirei o alisante, mas, tarde demais, os cabelos estavam estilo Don King Laranja. Dia seguinte, logo cedo, tive que pegar um taxi usando um chapeu de festa,porque não havia outra forma de esconder o estrago ,gastei maior grana para um cabeleireiro “dar um Jeitinho”.
No decorrer da vida, ajeitava o cabelo conforme o Caixa permitia$$, ora pintava um De La Lastra, caríssimo, nos jardins, ora qualquer salão  simples, baratinho e eficiente.
Nunca freqüentei salão de cabeleireira para arrumar cabelos, só para cortar. E ponto.
 Corte, cores e penteados básicos, nada de mais.
Quando me mudei para cá, vi a deficiência profissional no assunto. Então, deixava para cortar quando ia para SP, numa cabeleireira com bom trabalho e preço ótimo.
Como as idas para SP foram rareando, resolvi arriscar por aqui mesmo. Fui à cabeleireira mais cotada da cidade, para tornar o risco menor. Levei até uma foto do corte que queria, moderninho, repicado. Gastei mais do que queria e saí de lá com o cabelo horrível, sabe aquele corte Chitãozinho e Xororó, anos 80???. Pois é…Quando chequei em casa. O Décio disse que meu estava parecendo os dos bonecos play móbil. E ele não estava elogiando… Liguei educadamente para cabeleireira e falei para ela que tinha ficado horrível, que ela devia ter dito que não ia fazer o corte pedido para me dar chance de escolha.  Ela me ouviu civilizadamente, pediu para eu passar lá para arrumar, agradeci. Ficamos assim.
Eu de raiva, fui ao barbeiro do Décio, paguei 8 reais, e pedi que cortasse curtíssimo, acabasse com meu cabelo. Ele assim o fez.
Agora, de novo uma experiencia que não deu certo. Fui numa cabeleireira,pedi que fizesse um tal "selante" para dominuir volume, deixar com cara de bem tratado.
Ela fez escova progressiva. Não combinou comigo, com a minha cara, com o meu jeito.
Amanhã cedo vou cortar.
Começar de novo.! Mas não me torturo.Aguardarei serena e tranquila eles crescerem de novo. 


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

NÃO É A MAMÃE

Tenho uma historia complicada com o famosos instinto maternal.Dificl de entender,dificil de explicar,mas vou tentar.
Fico vendo anúncios, programas de TV, palestras, igrejas, enfim, tudo e todos falando do sacrossanto ato de ser mãe.
E tudo isso me soa tão estranho… Nunca fui capaz de entender porque nunca quis isso para mim.
Sinto me diferente das outras mulheres.
Aquele instinto maternal que todas dizem sentir desde sempre, eu nunca tive. Seria então, uma mulher, um ser humano menor?
Sempre ouvi que uma mulher só se torna completa ao ser mãe.
Eu fazia cara de paisagem, meio que concordando, mas caramba eu não sentia, não pensava assim. Vejo mulheres que não podem ter filhos, se sentindo infelizes,fazendo tratamento para engravidar, fertilização em vitro , e juro, não entendo. Queria entender.Não consigo.
Quando criança, nunca gostei muito de brincar com bonecas. Brincava porque as amiguinhas e minha irmã, sugeriam a brincadeira, mas não me divertia muito.
E ficava muito intrigada com a figura de mulheres grávidas, com as barrigas crescendo, achava feio, nunca fui partidária de achar mulher grávida uma visão meio que celestial, nunca concordei que “toda mulher fica linda grávida”. E sempre fiquei apavorada, sem entender como poderia sair de dentro de mim, outro ser humano.
E a dor? Vendo nos filmes, aquelas caras de dor, choro e sofrimento, ficava ainda mais assustada.
Até hoje não consigo ver nem em novelas cenas assim.
Como nunca quis ser mãe, se sempre fui uma pessoa generosa, solidária, práticamente criei meus irmãos? Tenho com eles uma relação até meio esquisita, faço por eles absolutamente tudo, faço todos aqueles sacrifícios que dizem que só mãe faz.
Muitas vezes acho que nem sei separar o “ser prestativa” do ser “intrometida”.
Com todos os três, devo ter ultrapassado essa linha mil vezes.
Nem posso dizer que não gosto de crianças.
Ao contrário do Décio, nunca fiz muito sucesso com crianças, mas tenho paciência e carinho com elas.
Quando me casei, sempre deixei claro que não queria filhos. O Décio já tinha um filho do primeiro casamento, talvez por isso não tenha insistido muito, e dizia que um dia a vontade de ser mãe apareceria, que era inerente da mulher.
 Nunca aconteceu e nunca me arrependi por isso.
Já tentei a teoria que nunca quis ter filho por ter me dedicada muito aos meus irmãos, ajudei mesmo minha mãe a cria-los, que eu já devia estar cansada, não sei.
Certa vez, a Alcina, uma das minhas melhores amigas, que conheci aos 18 anos, me disse que NUNCA, tinha ouvido eu falar sobre ter filhos, nem mesmo a frase banal que todos usam quando vão dar exemplos, tipo” quando tiver meus filhos, farei isso,ou aquilo”.
Só então me dei conta que nunca mesmo, tinha sequer cogitado a hipótese.
O que será que há comigo?? Nem posso dizer que isso me intriga muito, porque já fiz terapia por tempo razoável e sempre que posso volto, e nunca nem discuti o tema.
Sempre me preocupei mais em ser filha, que ser mãe. Sou o que os pais chamam de “Filha de ouro”…
Continuo achando estranho a relação da humanidade com as Mães.
Sigo achando que há muitas mulheres más que se tornaram boas mães, que há muitas boas mulheres que não são boas mães, e há claro, e graças à Deus, as boas mulheres, que são boas mães.
Não acho que a maternidade santifica .
Acredito na vocação de mãe, no instinto maternal, mas eu confesso constrangida que não nasci com ele.
Provávelmente, quem mais perdeu com isso, fui eu mesma. Vou morrer sem saber.

domingo, 12 de agosto de 2012

O ULTIMO DIA DOS PAIS

O Dia dos Pais do ano de 1998,caiu num dez de agosto.
Meus pais moravam em Bragança Paulista, uma cidade linda há 60 Km de SP. Meu pai há cinco anos fazia hemodíalise.
Apesar de ser um tratamento doloroso para o doente e para a familia, meu pai reagia bem ao tratamento.
Há pouco tempo ele havia redescoberto a vida.
Passeou, viajou, fez festas, fez amigos.
Aos sessenta anos,vaidoso, bonitão. Sempre bem vestido e perfumado.
Gentil e educado. Nem sempre foi assim.
Mas agora era assim.
Carinhoso e beijoqueiro.

No sabado, eu e o Decio fomos de Cotia a Bragança busca-lo  depois de mais uma sessão de hemodialise  para que ele passasse o Dia dos Pais conosco  em SP.
Ele passou o sabado na casa da Liliana, minha irmã, curtindo os netos, passeando por shoppings.
No domingo fomos almoçar numa churrascaria muito legal na av. Angelica.
Apesar de lotada, o atendimento foi ótimo, o almoço foi alegre, divertido.
À noite meu pai e minha mãe voltaram para Bragança num ônibus confortável, a chegada à rodoviária era tranquila, taxi fácil.
Nos falamos por telefone por volta das  22hs.Ele estava feliz, tinha sido um fim de semana ótimo.
Me agradeceu muito por isso.
"Obrigado,filha".
Me contou que o Neto, meu irmão mais velho que morava em Ibitinga tinha ligado para cumprimenta-lo, que o Zé Luiz, meu irmão caçula que mora em Londres, apesar do adiantado na hora lá, tambem ligou.
Segunda  feira pela manhã foi fazer hemodiálise.
Não voltou.
A dor da perda nem o tempo aplaca.
Eu sinto sua falta, sinto saudade, e fico confusa, não sei se  me conforto dizendo pra mim mesma: ao menos morreu feliz, ou se me revolto e digo " logo agora que ele estava tão feliz"…
Mas ficou para os quatro filhos O Dia dos Pais, da despedida.
Procuro guardar na memoria e no coração a alegria da despedida, foi um domingo tão especial.
Essas lembranças ajudam a suportar a dor da perda, a saudade que sinto, a falta que ele me faz.

sábado, 11 de agosto de 2012

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO...PARA SILVIA SGARBI FARTO

A vida sempre nos surpreende!!
Nos dias de hoje, onde a maioria dos jovens não se interessa pela historia, ou ate mesmo pela familia de seus pais, foi uma surpresa gratificante quando a filha da Silvia Sgarbi Farto, se identificou e quis falar sobre a amizade de infancia de sua mãe comigo e com minha irmã Liliana.
Já falei da Silvia, que para mim sempre será Silvinha, foi uma amiga de infancia que não vejo há mais de 40 anos.

D. EUNICE SGARBI
 LILIANA
 D. ELIDE M. SGARBI
1.968

Brincávamos muito, e ela e minha irmã eram inseparáveis...

As festinhas de aniversario dela, passeios de bicicleta pela cidade, bolinhas de gude..
Sua mãe, D Eunice, era professora do jardim da infancia.
E em sua casa ouviamos aqueles disquinhos coloridos com historias infantis.
"Soldadinho de chumbo", "Cinderela".
Ela foi a primeira pessoa que conheci que passava férias na praia. Chegava contando as novidades, e para nós já trazia sensação de aventura.
As quinta feira, seu pai, o Sr Mario Sgarbi, punha o televisor na sua farmacia para que todos pudessem assistir Silvio Santos
Juntava uma multidão.
Eu chegava cedo e garantia meu lugar no banco. Adorava!!!
Silvinha se casou com o Joaquim, namoradinho desde o pre primario
Tiveram dois filhos. O mais velho com 24 anos,  forma  se medico esse ano, e a caçula com 15 anos, foi a que ficou "conversando"comigo no facebook.
Uma conversa simpática, bem humorada, cheia de observações interessantes e inteligentes. Só me resta parabenizar Silvia e Joaquim pela filha que tem.

Adorei!
Um presente!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ANDRÉ

Hoje, aniversário do André. Meu segundo sobrinho.
O filho do meio, que por quase oito anos, foi filho caçula.
Desde pequeno, era esperto, ligado, a vida em alta rotação.
Vaidoso, desde sempre gostava de estar bem vestido, roupas elegantes e modernas, até arrojadas.
Lembro quando ele tinha uns dois anos, eu e minha irmã, Liliana, que é sua madrinha, repetimos uma tradição: durante o ano, comprávamos roupas infantis, básicas no Brás e Bom Retiro, mas no final do ano, era hora de Shopping Iguatemi, a roupinha mais linda que encontrássemos…
Compramos para ele um conjunto de calças curtas com pregas, muito elegante , camisa branca e gravata vermelha. Era moderno, arrojada, a cara dele.
Quando ele ficou pronto, sabia que estava bonito.
Eu e minha irmã, estávamos na sala, ele saiu do quarto correndo em busca dos elogios, e quando nos viu, parou de repente, brecou, e de peito estufado, ficou á espera dos elogios.
E á medida que os elogios vinham, ele sorria feliz e orgulhoso.
Assim como seu irmão Gustavo, ficava esperando nossas visitas, e já traçava o programa: pizza e sorvete.
Na era pré varejões e sacolão, Ibitinga só tinha frutas básicas, as da região mesmo: banana, laranja, mamão, maçã.
Como ele sempre foi fanático por frutas, levávamos pêssegos, figos, uvas, e o que mais encontrássemos na ocasião.
Cada vez que ele passava perto da geladeira, ele abria e pegava uma fruta.
Sua mãe, tinha que dizer: André, não coma tudo sozinho, deixa para os outros também.
Doce? Carne? Ele nem ligava, e não se liga até hoje.
Legumes? Verduras? Adoraaa!
Sabe aquele menino do comercial “Mãe, quero brócolis?”
È o Andre.
Resultado: zero de gordura ,100% saúde.
Embora, seja leonino, de temperamento forte e mandão, é bem humorado.
Quando criança, já contava piadas e fazia pegadinhas.
Ele devia estar com uns 10/12 anos, quando uma vez me surpreendeu.
Estávamos passeando pelo centro da cidade de Ibitinga, ele entrou numa bicicletaria, e fez uma porção de perguntas sobre rodas de bicicletas.
Marcas, preços, efeitos.
Pensei que ele estava querendo comprar.
Não. Ele estava querendo vender, estava atualizando sua tabela.
Ele fazia negócios. Comprava, vendia, alugava, trocava.
Raciocínio ágil e rápido.
Na fase da sua adolescência, acompanhei seu crescimento de uma certa distância.
Cursou publicidade em Ribeirão Preto e não voltou a morar em Ibitinga.
Os horizontes se expandiram, Ibitinga ficou pequena para ele.
Empreendedor, ainda não mergulhou de cabeça na sua profissão, talvez nem ele mesmo tenha noção do talento que tem para isso.
Ele é publicitário, desde criancinha
Agora, por mudanças de rumos na vida dele amadurecendo á galope.
Não convivemos muito,mas o bem querer mútuo, sempre existiu.
Também está vivendo sua melhor fase de crescimento como homem, se preparando para novos momentos profissionais.
E quero estar bem perto para ver. E aplaudir!
* TEXTO ESCRITO HÁ ALGUM TEMPO, MAS QUE CONTINUA VALENDO
FELIZ ANIVERSÁRIO ANDRÉ!

NOSSO AMOR DE ONTEM

Adoro inverno. Dias e noites frios, me estimulam. Fico esperta. O Décio também gosta.
Quando morávamos em SP dias frios era sinônimo de disposição para sair, trabalhar, colocar aqueles casacos que são sempre bonitos, com echarpes, coletes.
Eu sempre me animei mais para comprar roupas no inverno, que no verão. Adorava comprar blazers, malhas. Bonito e aconchegante.
Para a noite, sempre criávamos um programa. Uma sessão de quentão e pipoca, com um bom filme, ou sair e comer uma massa no La Fiorella, ao lado da lareira.
Mas sempre o astral, o clima era diferente. Era como se algo especial estivesse acontecendo. “Oba, está frio, o que vamos fazer hoje?”
Morei 5 anos em Bragança Paulista, clima de montanha.Ao lado de Atibaia, Serra Negra.
Um lugar lindo, com um clima ótimo. Os dias eram ensolarados, mas sempre com temperatura agradável, e as noites, eram sempre de temperaturas amenas .
E no inverno, a coisa era brava. Frio de verdade, pra valer. Agüentávamos na boa, ir trabalhar diáriamente em Sp ás 6 hs da manhã, já estávamos na estrada, e á noite ou saíamos para tomar um lanche, ou fazíamos um fondue com vinho.
Tenho uma coleção de receitas de sobremesas especiais quentes, próprias para essas ocasiões. Sem falar das sopas, caldo verde,
Em Ibitinga, isso acabou. Aqui é sempre muito quente, desses que a gente se desmancha. Meus casacos ficaram engavetados, minhas receitas também.
E finalmente se fez o frio por aqui. Desses bons, de 15 graus.
Desengavetei lãs e veludos (Os que ainda serviram) meias de lã, sapatos fechados, echarpes, fiquei elegante. Quem não ficaria? Consegui um DVD do filme "Nosso amor de ontem".
Eu já tinha visto o filme e adorado. O Décio não conhecia. Transformei em programação especial de inverno.
Cinquentões também namoram. O que acho legal, é que quando tenho essas idéias, posso contar com a participação do Décio. Sabe aquelas coisas que só mulher gosta, ou que mulher gosta mais? O Décio nunca acha bobo.
Ele transformou o aparador do nosso quarto em mesinha, acendemos velas, preparei um fondue, vinho tinto . O filme romântico, com Robert Redfort lindo, de fazer Brad Pitt morrer de inveja. Uma linda história de amor, política, relações humanas, feito com muita sensibilidade.
E diante disso, dou um valor especial para cada momento desses. È um privilégio poder desfrutar de momentos assim ter ao meu lado um companheiro assim.
Dormir abraçados, num ededron bem quentinho, quer coisa melhor? São momentos assim, que fazem meu amor de ontem, ser meu amor de sempre.
* Escrito há um tempo atrás...mas ainda tá valendo!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

DESCRIÇÃO

Vi nos favoritos do vidamaria.blog.terra.com.br a indicação o blog EU JÁ. Nesse blog as pessoas podem fazer seus comentários e postar os seus “EU JÁ”. Copiei a idéia. Os meus “EU JÁ”, vão muito além dos citados, acho que todos tem uma lista enorme.
Sintam se á vontade para listar os seus


Eu já morei no campo, sem energia elétrica quando eu era criança.
Eu já caí sentada numa bacia cheia de água fervendo e tive queimaduras terríveis, que não deixaram marcas, quando ainda era criança.
Eu já fiz poesias.
Eu já dublei Ney Matogrosso, na época dos “Secos e Molhados”.
Eu já aprendi a sambar. Eu já recolhi vários cachorros na rua  
Eu já escrevi para jornais e revistas.
Eu já tentei fumar.
Eu já fui confundida com Elis Regina várias vezes
Eu já dei entrevistas na TV.
 Eu já dormi apenas com duas gotas de Chanel n 5.
 Já tive um diário, por longos anos.
Já tive ciúmes da ex mulher do Décio. Eu já mandei e recebi cartas de amor.
Eu já fiz vestido novo para assistir “Roberto Carlos em Ritmo de Aventuras”. Eu fui fã da Jovem Guarda.
 Já chorei por amor, de dor e de saudades.
Já chorei á toa, por nada. Já chorei de tanto dar risada.
 Já acompanhei os famosos festivais na televisão de vizinhos.
Eu já decorei músicas em inglês, sem dominar o idioma.
Eu já passei noites em claro, até terminar de ler um livro.
Eu já fiz campanha para o Lula. Eu já andei com a estrelinha do PT no peito. Eu já votei no Genuíno, eu já votei  no Zé Dirceu.
Eu já passei noite inteira acordada vendo tv.
Eu já dormi uma noite inteira e acordei só as l6 hs do dia seguinte naturalmente.
Já tomei banho, cantando em voz alta e desafinada.
Eu já fui loira por meia hora. Voltei ao cabelereiro e tingi de castanho novamente.
Eu já fiz cirurgia plástica. Eu já fiquei uma semana em spa.
Eu já tomei “bombas” para emagrecer. Já fiz dieta radical. Já comi um bolo de chocolate sozinha.
Eu já entrei em academia de dança para aprender dançar a coreografia do John Travolta no “Embalo dos sábados á noite”.
Eu já usei a meia lurex da novela “Dancing Days”.
Eu já fui apresentada aos músicos Toquinho, Milton Nascimento.
Viajei para Rio Janeiro só para ver um show do Roberto no Canecão. Já fui convidada á escrever um livro,  Já perdi meu pai e dói até hoje
Já dancei na rua.
 Já tentei e não consegui aprender á dirigir, nadar, e andar de bicicleta.
Já furei fila, que horror!
Já tive o nome no SPC e foi uma luta para tirar.
Eu já fui “maria chuteira”.
 Já pedi dinheiro emprestado.
Eu já´produzi desfiles de moda, com modelos capas de revistas.
Já dei amasso em carro,beijei muito
Eu já tomei café da manhã em hotel 5 estrelas.
 Eu já me interessei por homens bonitos, mas só me apaixonei pelos interessantes.
Eu já ganhei flores do Decio, diáriamente, por meses seguidos
Eu já sofri acidente de carro, fiquei internada uma semana, sem memória.
Eu já quis bater no meu cunhado, por ele brigar com minha irmã.
EU já quis bater na minha irmã, por ela ser teimosa.
Eu já mimei meus sobrinhos.
Eu já fiz terapia.
Eu já tive câncer.
Eu já falei sim, quando não podia ou não queria.
Eu já errei e pedi desculpas. Eu já magoei pessoas que amava muito.
Eu já me decepcionei com pessoas que nem imaginava.
Eu já tive altíssimos salários. Eu já fiquei desempregada.
Eu já viajei 8 hs para ver um namorado e ficar com ele 40 minutos
 Já gastei fortunas num dia, e fiquei dura no outro.
Eu já fiz jantar romantico, igualzinho de filmes e novelas.
Eu já comprei jantar pronto em restaurante sofisticado, com vinho e sobremesa, fui de táxi do centro de SP,à Interlagos para jantar de surpresa com o Décio.
Eu encontrei no centro de Sp, um amigo querido que eu tinha perdido o contato e não via há anos.
Eu encontrei por acaso um conhecido num grande supermercado em Santo Amaro SP, e horas depois, o reencontrei na plena avenida paulista avenida Paulista.
Já fui madrinha de vários casamentos.
Já procurei amigos pela internet, e até achei.
Já peguei o mesmo táxi, no mesmo dia em lugares diferentes em SP.
 Já usei mini saia e bota branca. Já usei bobs.
Já sonhei, já acordei.
Já me frustei, me decepcionei.
Eu já renasci.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

SONHOS E PLANOS/ REALIZAÇÕES E FRUSTRAÇÕES

Ah! As metas, os projetos, os sonhos… Estou sempre prometendo começar, recomeçar.
Passar dos pensamentos aos atos.
Lembrei-me que quando eu era criança, eu era objetiva, persistente.
Uma vez, fui num circo e vi uma criança com a minha idade, fazendo contorcionismo.
Achei o máximo, e em segredo, sem falar com ninguém, fui aprendendo sozinha, e devagar.
Treinava escondido todos os dias. Primeiro, ia descendo o corpo, apoiando as mãos na parede, e marcava com lápis o ponto máximo que tinha conseguido chegar.
Todo dia ia baixando um tanto mais, até chegar ao chão. Logo, já estava chegando até o chão, sem precisar apoiar na parede.
Aí, já fazia todos os contorcionismo que vi no circo. Virei até atração na vizinhança, com direito a vender ingresso e apresentação num cirquinho, na casa da Silvia Sgarbi.
Eram metas e objetivos pequenos, infantis.
Adorava dormir com travesseiro alto, fui tentando dormir sem travesseiro, até conseguir dormir com travesseiro baixo.
E pela adolescência fui seguindo pequenas metas.
Aprender a dançar, decorar letras de músicas. Depois ler um livro por dia, escolhendo a coleção de um escritor.
Primeiro, todas as obras de Monteiro Lobato, José de Alencar, Machado José Mauro de Vasconcelos .
Sendo uma aluna regular, uma vez fui a última escolha para formação de um grupo de trabalho, onde teríamos que dar uma aula sobre Cristianismo.
A turma que fiquei era fraquíssima, eu pedi a eles que me deixassem preparar e expor a aula sozinha em nome do grupo. Imagina, todos acharam ótimo. Sem alarde, me preparei como nunca tinha feito. Tiramos 10. E muitos elogios. Até em outras classes, o professor Osvaldo Pagni Gelli elogiou minha aula. Foi extremamente gratificante.
Meta e realização.
Ir sozinha trabalhar e estudar em SP, aos 18 anos, sem grana em 1975, era práticamente uma aventura
Mas atingi o sonho de estudar na USP, trabalhar , me sustentar e ajudar a família…
Deu certo. Metas e realizações.
Os namoros que não deram certo, as dores de amores errados, deram-me objetividade para escolher um cara como o Décio.
Mas com o passar do tempo, da vida, as frustrações, cansaço, fizeram de mim uma pessoa cujas metas e projetos, não consigo buscar com afinco e determinação.
Tenho tentado melhorar isso.
Ir para o computador, ter um blog, tudo isso faz parte de um COMEÇO.
Tanta coisa por fazer, tanta história para contar..
Tenho que rever conceitos, rever minha história, buscar um recomeço!