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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

BELEZA INTERIOR

Desde sempre fui  fascinada pela beleza humana.
Sempre observei e admirei, a beleza, homem ou mulher, que tivessem nascidos bonitos.
Muito antes de cirurgias plásticas, implantes de silicone, de cabelo, de dentes, lentes de contato de toda e qualquer cor. A beleza que a natureza deu. A beleza com que se nasce.
Desde sempre, aquelas crianças que já nasceram lindas, e vão melhorando, as que não nasceram tão belas assim, mas vão ficando. Eu sempre observando encantada.Nunca senti inveja. Sentia a mais sincera e profunda admiração.Tanto que sempre, tive o despreendimento de elogiar, cheia de verdade.
Na minha infância, em Tabatinga, uma cidade muito pequena, um universo muito restrito, a primeira pessoa, cuja beleza natural chamou-me a atenção foi a Célia Giansante.
Ela era, bonita. Simpática, boa aluna. Os olhos verdes, cabelo castanhos claros, sorriso de dentes pequenos e brancos,e era alta!.Porte de Miss.!! Parecia a Priscila Fantin
Enquanto não ficamos a amigas, não sosseguei, e acabamos por ser muito amigas durante todo o primário 
Ainda em Tabatinga, já entrando na adolescência, eu estava com 14 anos, chegou a pequena Tabatinga, vinda de uma cidade maior, Araraquara, Márcia Factore.
Ela não tinha a beleza perfeita, mas tinha uma beleza com personalidade. Alta, pernas musculosas, porque adorava praticar esportes, sempre bronzeada, cabelos castanhos, quase dourados, imensos olhos azuis, mas nada daquele azul desbotado. Olhos grandes  azul cor de mar mesmo, quase verdes.Os dentes eram sutilmente para frente, e ela tinha uma cara assim ,meio Angelina Jolie.
Numa cidade pequena, quando vem alguém de fora, você quer se enturmar, e eu no meu fascínio pela beleza, logo quis ficar sua amiga. Assim aconteceu.
E aí eu pensei: “ela tão linda, combina com o rapaz que acho o mais bonito da cidade. José Negrini.
Ela tinha 14 anos, ele já devia ter uns19, nessa fase a diferença de idade é significativa. E alem disso, ela namorava “firme” outra moça bonita, de sua idade, a Eunice Chechi. Mas falei dele para ela, criei expectativas.
Falei dela para ele, iguais expectativas. Resultados: Menos de um mês, ele terminou o namoro firme  com a namorada mais velha, e  começou o namoro com a Márcia que eu apresentei.
Poucas pessoas ficaram sabendo que eu fui o Cupido dessa história. E Eles namoram alguns bons anos.
Ele também era um ícone de beleza para mim, naquele universo.
Alto, todo sarado, esportista, fechava os olhos quando sorria, a CARA do Richard Gere.
Quando vim para Ibitinga, aos 15 anos, a beleza da cidade era a Miss Ibitinga, que teve boa classificação num concurso de miss estadual e era linda mesma. Vera de Jorge.
Alta, magra, olhos claros, elegante, boca e sorriso largos.Nunca tive contato com ela, alem dessa admiração de vê-la ao longe, cada vez mais bonita.
Seu irmão Otavio de Jorge tinha uma beleza de cinema.
Em São Paulo, você encontra pessoas lindas, perfeitas,em todo lugar.Aprendi a ver a beleza mesmo nas pessoas mais simples, e não estou falando de beleza interior.
Hoje refiro me a beleza estética.
Conheci modelos, manequins belíssimos.O mito da beleza foi ocupando menor importância na minha vida, outros valores sendo reconhecidos.
Mas, vamos assumir: Nascer bonito, mas bonito mesmo, Lindo, ajuda hemmm!!!
Ah! Eu trocaria a inteligência que eu tenho, nada de superdotada, dessas bem padrão, a sensibilidade acima da média, cultura e conhecimentos básicos, nada tão profundo assim, mas trocaria tudo, se tivesse a oportunidade de escolher entre ser burrinha ou bonita.
Queria ser uma ANTA, mas queria ser linda!.Trabalhando na área de moda, confesso que muitas vezes a beleza foi fator  decisivo para contratação de um funcionário.
Não sabia o serviço, o outro era mais competente? Não tem problema, eu ensino.
Era meio burro, tinha dificuldade em aprender? Não faz mal, Fulana cobre essa parte, ela sorri, desfila e vende. E ainda ganha mais.Essa é a verdade da vida. E isso foi tomando uma dimensão cada vez maior.
Eu fui a típica criança sem graça nenhuma. Nem feia, nem linda de morrer
Era dessas onde tudo era mais ou memos.Nada de destaque. Cabelos castanhos comuns, cacheados quando a moda era liso e não existia chapinha, nem escova progressiva…Olhos do mais comum castanho, nada de íris cor de mel…
E aos 18 anos, graus de miopia…Nada de cílios longos, espessos.
Queria acordar, balançar os cabelos feito comercial de shampoo, só passar os dedos e pronto. Nada do cabelo da Maggie do Bart Simpson.
Sem a cara inchada, marcada. 
A hora do dia em que mais sentia falta de não ser bela, era pela manhã.
Em festas, no trabalho, sempre uma boa maquilagem dá um jeito, mas na hora que acorda, meu bem, é ou não é…
Até meus 18 anos era muito magra, pernas finas, peitos grandes, que eu odiava…
Em Tabatinga e Ibitinga nunca fui paquerada, nunca ninguém me namorou. 
Meu primeiro namorado mesmo, foi um cara de SP que veio passear aqui, LIIINDOOO!!Eduardo Sabaté Manubens, boa gente, apaixonou se por minha BELEZA INTERIOR!!Namoramos quase 2 anos, e ainda namorava com ele quando mudei me para SP.
Fui aprendendo a disfarçar os defeitos, valorizar o que poderia ser melhorado, trabalhando com moda, fui criando meu estilo, lançando moda no meu circulo social, ganhei peso de forma equilibrada.
Dos 20 aos 30 anos fiquei bem na fita, embora seja baixinha: 1.60 mts
Um dia vi numa revista feminina as medidas da atriz Sonia Braga, a grande musa da época. Tudo coincidia, exceto os seios.
Então, com 25 anos, eu fiz redução de mama. Fiquei me sentindo. Pesava exatos 50 kgs
Vaidosa, foi nessa fase que conheci o Décio. Meu rosto era comum, só o sorriso largo e constante, mas o corpinho estava 10..Aderi lentes de contato tempo integral, fiquei razoável.
Dos 30 aos 40 mantive peso 60/70 kgs com médicos, remédios, spas.
Dos 40 em diante, a coisa ficou brava: já cheguei aos 90 kgs.
Não tenho por hábito olhar me no espelho. Só de manhã quando escovo os dentes. Maquilagem, faço com o espelhinho da sombra, para não ver nada.
E não venha com a conversa politicamente correta, que o que conta é a BELEZA INTERIOR. E as pessoas ligam para isso? Homens ligam para isso?
E agora, do alto dos meus 56 anos, mais que a tal BELEZA INTERIOR, eu queria mesmo era a BELEZA ANTERIOR.
Não era muita, mas já quebrava um galho!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

PRIMEIRA VEZ

Tempos atras, Tatiana Rezende  falou em seu blog sobre o publicitário Washington Olivetto, e da campanha histórica do primeiro sutiã, que “a gente nunca esquece”.
E inspirada no que li, resolvi escrever sobre várias primeiras vezes da minha vida.
Aquele instante primeiro que ficou na lembrança para sempre.
Lógico que existem outros, existem muitos, mas esses que cito agora são inesquecíveis, eternos.
Começo com a fase de transição menina /mulher e o momento marcante do primeiro sutiã,
Eu era muito magra, mas desde os tenros 10 aninhos, os seios já davam sinais.
Como foi considerado muito cedo para que eu usasse sutiã, seria como dar um atestado de que eu era uma “mocinha”, e na minha casa ninguém queria isso, eu ganhei um corpete de malha canelada, com alças finas de cetim, com recortes no busto, enfeitado com rendinhas.
Só uns dois anos depois, meu sutiã chegou.
Eu morava em Tabatinga, minha Tia Cleide, levou logo três. Eram moderníssimos.
Já tinham o novo formato com bojo arredondado e com listras delicadas. Um de cada cor.
Listras amarelas, outro verde, e azul.
Os tres sutiãs colocados sobre a cama dos meus pais. Eu sozinha, escolhendo qual iria ser o primeiro.
Listrinhas amarela. Eu sozinha, fechada no quarto, num momento de total privacidade, coloquei a blusa branca do uniforme, rodopiei , olhando para o espelho, um momento inesquecível,
e fui para escola.
Fui me sentindo diferente. Alguma coisa tinha mudado. Eu estava diferente.
Era o ano de 1968 quando ganhei o primeiro sapato de salto alto.
Salto alto era maneira de falar, era um saltinho, só para anunciar que você estava quase chegando lá. Mas nunca esqueci, já falei sobre isso em outro post, era marron, bico fino, um lacinho.
Ele fez parte da transição. A primeira menstruação, que eu nem desconfiava o que era aquilo,achei que eu estava morrendo, que teria apenas mais algumas horas de vida.
E nessa fase de transição e descobertas, nada como a emoção do primeiro beijo
Eu tinha 13 anos, já estava com meu sutiã e sapatos de saltinho, morava em Tabatinga, vim passar férias em Ibitinga e estava de olho num menino de 15 anos. Mirinho Catalano, baixinho, magro, de óculos, mas eu gostei. Tinha senso de humor, era falante e inteligente.
Ele mandou um recado pelo amigo Orlandinho Raineri, se podia sentar ao meu lado no cinema.
O coração já ficou aos pulos, concordei na hora.
Sessão de cinema das 6, Cine Rio Branco, filme “Mogli, O Menino Lobo”
“Necessário, sómente o necessário, o extraordinário é demais…”
Entrei primeiro, guardei um lugar, e só quando as luzes se pagaram, ele sentou se ao meu lado.
No meio do filme, segurou minha mão. Senti um frio na barriga, e ficamos de mãos dadas, sem falar nada, sem nos olhar, inclusive.
Um tempo depois, um selinho, que quase nem selinho era, de tão sutil, tão rápido.
Durante semanas quando lembrava aqueles momentos, sentia tudo de uma vez.
Coração aos pulos, frio na barriga, mãos geladas.
Durou só essas férias, não houve outro selinho, mas nunca esqueci, principalmente as emoções que senti.
E das emoções inesquecíveis e primeiras, faz parte o primeiro baile, que era acontecimento máximo, escolher roupa mais social, maquiagem, saber dançar, de rosto colado até…
Primeiro baile de réveillon, primeiro amor, desses platônicos, da gente escrever nome no caderno, rodeado por um coração.
Gelar só em vê-lo passar. Passar em frente á casa dele, só para ver se ele está lá.
E das lembranças de amores, guardo com carinho, a primeira vez que dormi com o Decio.
Eu tinha 25 anos, ele já era um homem de 32, divorciado, um filho, sabia como teria que ser.
Nós já namorávamos há quase um ano.
Ele morava sozinho, assistimos “Casablanca” na Globo,
Creedo, ainda não existia vídeo cassete.
Ele foi o primeiro homem com quem eu dormi, o primeiro com quem eu acordei. Aliás, primeiro e único.
Ele levou café da manhã na cama, com florzinha e tudo. Esse homem não é o máximo?
Para não esquecer mesmo.
Já contei aqui, que nunca esqueci, a primeira geladeira que meu pai comprou, branca, arredondada na sala, que eu nem acreditava que tinha, que acordava para ver.
Já contei também da primeira vez que vi o mar em Caraguatatuba. Isso ninguém esquece.
Nunca fui de viajar muito, mas não esqueço quanto tirei as primeiras férias, depois de um ano trabalhando na Transport em SP, e fui ao Rio de Janeiro, de ônibus, com minha irmã Liliana e minha amiga Antônia.
Conhecer o Rio, as praias, primeira vez que me hospedei em hotel, foi inesquecível e inenarrável.
E coroando a viagem, primeira vez na casa de shows Canecão, ver um show do Roberto Carlos.
Tem noção? 19 anos e descobrir tudo isso?
E a primeira vez , aos 18 anos, chegando á SP?
Ver semáforos, trânsitos, elevadores, escada rolante,primeiro Shopping Center Ibirapuera recém inaugurado tudo ao mesmo tempo, agora?
Eu nunca tinha visto nada nem parecido.
Andar de avião pela primeira vez também a gente nunca esquece.
Minha primeira vez de avião, foi uma ponte aérea para o Rio de Janeiro, á trabalho, mas deu tempo de ir conhecer o Bar Garota de Ipanema, e depois num outro bar comer casquinha de siri olhando para o mar.
O primeiro gravador, desses de fita cassete que vi, eu tinha uns 12 anos, morava em Tabatinga, e um amigo do Neto, um irmão, que morava em SP, Vilson (Marinheiro), gravou minhas cantorias no banheiro. Quando eles me mostraram eu não acreditava no que via, ou ouvia.
Tempos depois, um primo de minha mãe, Gerson, de SP, foi passear num Galaxie, com toca fitas no carro, e nos levou á passear de carro, ouvindo música. Nooossaa, demais!!!
Também nunca esqueci a primeira vez que vi vídeo cassete. Um amigo, Rene Ferri, um dos donos da loja de discos Woob Boop, gravou um show de Elis Regina e fui assistir.
Ela tinha acabado de falecer, e eu tentando entender. Ele me disse que deixou gravando, com a TV desligada, nem estava em casa ????????
A primeira vez que um caixa eletrônico, expeliu dinheiro, quase enlouqueci. Adorei!
E tantas coisas, tantas emoções e lembranças…
Deixa estar, que falar pelo skype com meu irmão Zé Luiz, que mora em Londres, ve-lo nitidamente e ainda por cima, de graça, foi demais tambem...
Enfim, a lista é grande...que haja tempo e oportunidade para que ela cresça cada vez mais...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Conversar com o JR, irmão do Decio, sempre é muito interessante, ao mesmo tempo é divertido.
Porque ele é uma pessoa especial, e qualquer dia desses, falo mais sobre ele, mas hoje ficam as perguntas que ele me fez, assim, casualmente, durante nossas conversas.
Perguntas simples, pertinentes, que me fizeram titubear nas respostas.
Não conseguí responder de imediato.
Sabe quando alguém faz uma pergunta e te acerta?
Falando sobre como ele gostava de viajar, descobrir coisas novas, mundos novos, concluiu, dizendo que descobrir o NOVO era o que mais gostava da vida.

1. “E você, Picida, o que você mais gosta da vida?”
Tempo para pensar…
Resposta: o que mais gosto, são PESSOAS.
Os seres humanos, suas vidas, suas histórias e vou me explicando…
Ele observa: “Então, você deve adorar ler biografias”.
Verdade. Adoro. È o que mais me fascina na vida. Saber das histórias passa-las para adiante, comentá-las, rememorá-las. .
Vendo meu entusiasmo em falar sobre os últimos CDs que eu havia comprado (Marvin Gaye, Nat King Cole, Jhonny Mathis, Jhonny Rivers, e tantos outros contemporâneos), fingiu um certo interesse, e perguntou:
2. “Picida, qual foi a última música que você decorou?
Qual é a música mais recente que você sabe cantar inteira, não vale regravações?”.
Engasguei. Qual mesmo???
Noossa! Adriana Calcanhoto cantando “Devolva-me” da Jovem Guarda não vale e até essa regravação está antiga.
Tive que forçar a memória e o máximo que consegui consegui, foi cantarolar Ivete Sangalo, “Se eu não te amasse tanto assim” que não é assim, digamos, um lançamento.
Ah! E tem Marisa Monte: "Ainda bem, que agora encontrei vc.."
Preciso rever algumas coisas. Essa dificuldade em colocar o novo na minha vida é meio esquisito, essa história de exaltar o passado pode estar meio fora de lugar.
Acho que vou decorar " Eu quero Tchu,eu quero tcha"
Quando, empolgada, eu relembrei dos tempos que morei em SP, dos tempos que morei em Bragança Paulista, ele sacou da pergunta :
3.“E de agora, do que você vai ter saudades?”
Hããã… Como assim???
Porque é muito importante essa resposta, diz tudo sobre o que você acha da vida que vive agora.
Primeiro, pensei que não teria nada para ter saudades, e vi que se isso fôr uma verdade, eu estaria desperdiçando a vida .
Preciso rever posições. Preciso reavaliar situações.
Não é beeem assim…
Tenho minha família, meu lar, um amor, meus cães, tanta coisa boa.
Preciso parar de pensar que só SP pode ser bom, que por ter voltado para cá, fracassei.
Preciso encontrar o caminho para lidar com isso.
Viver minha vida,
Criar minha história,
Valorizando o passado, sem esquecer o presente, que ele é o que vou ter para contar amanhã.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

MARIA. A APARECIDA

Observando as pessoas tímidas, as extrovertidas, analisando, não tenho a menor dificuldade em dizer em qual grupo me enquadro.
No pessoal extrovertido.
Juro que ás vezes tenho que me esforçar para entender os tímidos, pessoas que chegam a sofrer quando têm que falar em público, quando se sentem observados.
Falar em publico para mim sempre foi muito natural.
Desde minha primeira infância, ainda no primeiro grau, morando em Tabatinga, eu era aquela que não se encabulava cada vez que o professor convocava para ler, cantar, recitar, na frente dos outros alunos, pelo contrário, até gostava.
Nas datas comemorativas, era comum os professores escolherem dois ou três alunos de cada classe para recitar, e então, para cada escolhido era dado uma poesia para ser declamada.
Não sei qual era o critério da escolha: se eram os melhores alunos, os mais bonitinhos, os mais comportados, ou simplesmente, uma vez de cada vez, só sei que eu queria participar sempre.
Quando percebi que isso nem sempre seria possível, perguntei á professora, se eu poderia fazer minhas poesias. Sem problemas. Pronto.
Então, 7 de setembro lá ia eu; “Agora vou recitar para vocês, a poesia Independência do Brasil, de minha autoria”.
E assim, seguia Dia do Trabalho, Dia das Mães, dos Pais, e o que mais houvesse.
Começaram á gostar, e lá estava eu, em meus momentos de “fama”.
No segundo grau, eu era sempre escolhida pelo grupo para apresentar os trabalhos, às vezes ficava só com essa tarefa, enquanto uns se apavoravam com a idéia, eu fazia isso com a maior tranqüilidade. Normal.
Organizava circos, vendia ingressos, e claro, participava.
Não gostava de participar dos desfiles, ou paradas escolares com uniforme escolar.
Sempre participava, em algum carro alegórico, e conseguir as roupas para isso era outra história.
Nunca havia dinheiro disponível para essas coisas, eu criava, improvisava, dava um jeito, dava certo.
Números musicais, então…
Danças em gincanas, dublê de Ney Matogrosso, Carmem Miranda, e o que mais aparecesse.
Festa junina, teatros, lá estava eu…
Quando, aos 18anos fui para SP. Ibitinga se destacava como Capital Nacional do Bordado,
A prefeitura da cidade fez divulgação nos principais programas de auditório da época, e então precisaram de alguém que desse entrevistas, como eu estava em SP, e era cara de pau suficiente, lá fui eu em “Almoço com as Estrelas”, “Clube dos artistas”, falar da minha cidade.
Rede nacional, horário nobre, eu, caipira do interior, e ali tranquilíssima…
E assim tem sido por toda minha história.
No trabalho, na área de moda, lá ia eu apresentar desfiles de moda, nos programas femininos.
Todas as Tvs. SBT, Globo, Band. Record, Gazeta, até Tv Manchete. Lá estava eu.
Serena.
Como gerente de vendas, sempre na mesma área, falar com gerentes de grandes redes , lojas sofisticadas de shoppings, ou lojas simples de bairro, lá estava eu.
Apresentando-me, apresentando os produtos, na maioria das vezes, ficando amiga dos clientes.
Quando escrevi para um jornalzinho daqui de Ibitinga, já morando em SP. Achava natural entrevistar celebridades da época, mesmo sendo uma ilustre desconhecida, de jornal ou revista idem.
E assim, entrevistei jogadores de futebol famosos da época, atores, cantores, e quem mais interessasse.
As celebridades também eram mais acessíveis, não era apenas minha cara de pau, eles eram menos “estrelas”.
Ter  esse jeito extrovertido, acho que mais ajudou que atrapalhou.
Conheci pessoas e lugares interessantes, ajudou-me no trabalho, na carreira.
Mas sempre procurei não ser inconveniente, saber a hora de me colocar em cada lugar.
Não sei se sempre acertei, mas sempre estive atenta para isso.
Nem todo mundo sabe, mas Picida é apelido, meu nome é Maria APARECIDA.
Muito APARECIDA.

* Siiiimm...esse Ney MatoGrosso sou eu!!

sábado, 8 de setembro de 2012

PARA CLEUZA ESTRONIOLI CASTRO

* TRECHO DE UM POST DIA DAS MÂES 05/2010


"E das “mães dos outros” que convivi no decorrer da vida, me veio a lembrança de uma mãe especial, talvez a primeira que tenha despertado minha atenção e admiração.
Dona Dirce Falsetti Stornioli, mãe dos amigos Jacó e Cleusinha
Quando ela faleceu há alguns anos atrás, eu procurei o jornal da cidade, com um texto onde falava da minha admiração por ela, desde sempre.
Eu admirava o jeito que ele recebia os amigos dos filhos, quando isso era ainda um fato raro, admirava o jeito que ela sempre tratou todos da mesma maneira. Numa cidade sectária como Ibitinga, sua casa era um território de real igualdade, ela o fazia assim  
Era amiga dos filhos com cumplicidade e mãe com a dose exata de autoridade.
E soube como ninguém criar uma verdadeira família, Tinha filhos moços e formados, ao mesmo tempo em que  tinha filhos adolescentes,e essa diferença não os separou.
Teve filhos metódicos, outros mais relaxados, tranqüilos.
Todos  bem sucedidos, uns mais, outros menos, que diferença isso faz?
Cada um realizado á seu modo. Teve filhos extremamente preocupados com tudo, e os preocupados com nada.
Zen. Stressados, de humor complicado, outros de sorrisos e temperamento fácil.
São assim, cinco irmãos, diferentes entre si, que se amam, convivem, se ajudam, se respeitam, e principalmente não JULGAM  um ao outro.
Convivem, se amam, se aceitam.
Família não é isso mesmo?
Pensei muito nisso nesse Dia das Mães."
Vale o registro.

TERCEIRA IDADE NO SEC XXI

Ontem, dia 7 de setembro minha tia Lúcia, irmã de meu pai completou 65 anos.
Faço questão de fazer o registro, porque acredito que a maioria das pessoas, especialmente as mulheres, já se sentem meio no final da linha como mulher com essa idade, ou então, as  que vemos por aí, conservadas, inteiras, bonitas, são atrizes famosas, ou endinheiradas com recursos de cirurgia plástica, botox, e por aí vai.
Epa! Não é bem assim, pode não ser assim.
Minha tia é solteira, pele morena, sem rugas, seus dentes brancos e bonitos, carregam um riso fácil.
Corpo firme, sem estrias , sem celulite, não é a magra top model, mas está com tudo em cima.
Ela come sem exageros, o básico, mas não sofre com dietas,
Faz caminhadas, usa uns cremes  da Avon, está sempre bem penteda, com baton, tem sempre um brinco, um colar.
Tem uma vaidade extremamente saudável e invejável.
Concluiu a faculdade de pedagogia aos 60 anos, aposentou se recentemnete, trabalhou muitos anos na biblioteca da cidade.
Para mim, o único problema que vejo é que ela desconhece toda a força que tem no corpo e na alma, e deveria ainda curtir mais a vida, passear mais, namorar.
E falei nela com todos esses detalhes para que se registre que uma mulher aos sessenta e cinco anos pode ser bonita , atraente e produtiva.
È a força total da chamada terceira idade no sec. XXI
Ela é orgulho para toda familia, pelo "conjunto da obra"!

Na foto: Debora minha prima, Fred meu xodó, Tia Lucia

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

PARA SILVANA GAION

À princípio, eu observava-a de longe. Vestindo sempre com os modelos da “última moda”, alegre, sorridente, conversando com todo mundo.
Observava-a e queria ser sua amiga.
E nos tornamos amigas íntimas, de ficar sempre juntas, na base do “só vou se você for”.
Às vezes ela pedia que eu ficasse na sua casa até mais tarde, que depois me levaria até em casa, e assim fazíamos. Quando chegávamos, ela dizia que não ia voltar sozinha. Eu voltava com ela.
E juntas íamos para o colégio, depois horas e horas de conversa que não acabava nunca, muitos risos e piadas, muitos choros de amores intensos e platônicos.
Estávamos sempre vivendo uma paixão, quase sempre á distância, vivíamos as histórias dos amores idealizados, a imaginação voando.
Sonhos e desilusões da adolescência. Juntas fizemos planos, vivemos os encantos e desencantos da idade.
Ela vivia as emoções de forma intensa. MUITO feliz, MUITO triste.
Ela era engraçada, fazia rir.
Sempre contava a história, de quando era criança, e saía com sua mãe para fazer visitas, e a mãe orientava que não pedisse nada, esperasse ser oferecido.
E numa dessas ocasiões viu numa cristaleira, uma travessa com doce de abobora que não foi oferecido. Sem querer desobedecer a mãe e parecer mal educada, não pediu, mas queria o doce.
Ficou em pé na cadeira, ergueu um braço e perguntou:”quem gosta de doce de abobora? E ela mesmo respondeu: Eu gosto, eu gosto.” Então a dona da casa ofereceu.
Ela contou essa história mil vezes, e em todas ríamos muito. Essa era a Silvana.
Amava sua família. Tinha orgulho enorme das irmãs, do talento da Arlete para desenhar, da sua personalidade forte e assertativa.
Tinha orgulho da Rosa, sua elegância, sempre bonita, criando o filho, estudando á noite.
O Fábio, seu sobrinho lindo, era um orgulho á parte. Ela assumia a corujice.
Às vezes eles brigavam, mas ela não prolongava a discussão.
O máximo de protesto que ela esboçava era dizer¨” OFábio está na idade da gaveta”. O que era isso?
Segundo ela, era quando a criança deveria ficar guardada numa gaveta, até a chatice passar.
Depois caía na risada. Imagino o orgulho que sentiria o ver a bela carreira profissional que ele tem agora.
No auge do sucesso do conjunto “Secos e Molhados”, fomos convidadas ela professora Ivone Custódio Vilela, á dubla-los numa concorrida gincana em Itápolis.
Ela sabia que só nos seríamos doidas de topar o desafio.
Depois de ensaios sérios e dedicados, com maquiagem da Arlete, música cantada pelo conjunto “Pedras Romanticas”, consagração total: ganhamos a prova com tanto sucesso, que viramos celebridades.
Fomos convidadas para apresentação em Itápolis, Tabatinga, e em todas as escolas de Ibitinga.
Aceitávamos todos os convites.
Ela era incapaz de magoar alguém, preferia até camuflar uma dura verdade.
Certa vez, conversávamos sobre nomes, e eu disse que achava Silvana um nome bonito, mas que não gostava do nome Maria Aparecida ( o meu). Querendo ser gentil, me disse que se eu me chamasse apenas Maria, seria feio, só Aparecida também, mas Maria Aparecida não ficava bonito.
Quando viu a trapalhada, ria e tentava consertar, não era isso que ela queria dizer. Mais risos. Essa era a Silvana.
Eu admirava seu jeito de tratar as pessoas. Foi a primeira pessoa da minha idade que conheci que de verdade, tratava todos da mesma maneira. Era amiga dos meus irmãos, dos meus pais. De ricos, pobres, jovens, velhos, crianças, feios, bonitos, modernos, antiquados, esportistas, intelectuais.
Seu universo era amplo, seu interesse pelas pessoas, irrestrito.
Boa aluna, tinha cadernos caprichados, escritos com letra bonita, redonda, sempre igual,
pedagógica.
Boa amiga, sabia ouvir, doar tempo e carinho. Sabia doar alegria
Em Ibitinga, uma geração inteira frequentou sua casa, estratégicamente instalada bem na esquina do colégio.
Sua casa era refugio, todo mundo ia lá para estudar, namorar no portão, ouvir música, e apenas conversar.
Formou se em Enfermagem, não gostou, optou com sucesso pela carreira pedagógica.
Perdeu se nas emoções, nas fortes e confusas emoções, e hoje sabe se que era portadora de Transtorno Bipolar.
Acho importante sua história ser contada, ser lembrada, para que não fiquem registrados apenas os momentos e situações confusas.
Acho que ela tem que ser lembrada, reverenciada até, pela pessoa especial que era, a amiga fiel e constante.
Sua sensibilidade, inteligência, têm que ser registradas.
Silvana Gaion. Um nome para não ser esquecido, uma pessoa e uma história para serem sempre lembrados, em corações e mentes.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PARA BEATRIZ BOCCA

Conheci Pedro Bocca no início dos anos 70, quando comecei a estudar com uma de suas filhas: a Beatriz.
E através da Bia, conheci sua família, conheci toda a família.
Um homem que acreditava e praticava que SER era muito maior que TER.
Ele tinha a autoridade de pai e era amigo das filhas.
Nos anos 70, suas filhas tinham no pai, um amigo para falar de estudos, escolas, projetos, sonhos, amores e namorados.
Ele era um pai, que nos anos 70 falava com as filhas sobre tudo, sobre a vida.
Com as amigas das filhas também.
Sempre gostou de ler, falava pouco e falava bem. Um homem culto e intelectual, dono de humor sutil próprio das pessoas inteligentes.
Um bom pai, também bom marido.
Quando convivi com a família, observava enternecida sua dedicação à esposa.
Seus passeios de carro, num vistoso Opala marrom, no início da noite.
Quando Ibitinga ainda não tinha tido a expansão da indústria de bordados, ele tinha o maior escritório de contabilidade da cidade.
Por lá passaram e fizeram carreira Ibitinguenses de destaque, como Sebastião, o Tiãozinho, que depois virou professor no curso de contabilidade na escola de Comércio, Dirceu Fiorentino, que foi seu funcionário, formou-se professor de contabilidade e advogado.
Assim como eles, uma geração de contadores passou por lá.
Recentemente, conversando com uma funcionária sua, a Léia, ela falava de como gostava de trabalhar e conviver com ele.

Nos anos 70, passar férias na praia era um acontecimento e tanto.
Oportunidade rara!
E foi com ele e sua família que fui à praia pela primeira vez.
Nunca esqueci a alegria da viagem, o tratamento exatamente igual ao das suas filhas que ele me dispensava, mil fotos, mil risos e para mim, o até então, inédito churrasco numa paradisíaca praia deserta.
E dessa viagem, fez parte meu amigo Jose Roberto Zani e seus pais.
São histórias que foram vistas sob um olhar adolescente nos anos 70.

Histórias daqui, de nossa gente, nossa cidade.
Nunca esqueci as conversas, as lições, sua ética, seus conhecimentos.
Nunca esqueci um homem bom que mudou minha visão da vida, e apresentou-me a visão do mar.
* Texto publicado na Revista Multivisão mes 04/08

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

VALE A PENA VER DE NOVO

Siiiim. Já houve um tempo em que os mais prosaicos eletrodomésticos foram sonhos de consumo, objetos de desejos, símbolos de status.
E não estou falando de sofisticados home teathers, lap tops, computadores, TVs de tela plana.
Podia ser geladeira, liquidificador, enceradeira, e até um acessório como panela de pressão.
Telefone então, era alto luxo, é para um outro capítulo.
Hoje é a vez dos televisores.
A primeira vez que tive contato com a existência de TV foi quando meu Tio Rosalvinho trouxe de SP para Ibitinga um aparelho de TV, que virou atração na cidade.
A casa ficava cheia de gente, muita gente mesmo, tentando assistir a novela “O direito de nascer”.
Era um tal de virar a antena, tentando sintonizar melhor a imagem ou o som, quase nunca os dois chegavam ao mesmo tempo. Na cidade não havia antena retransmissora, tentar ver TV era uma epopéia. Não deu. Meu tio levou a TV embora.
A primeira experiencia de “televizinho” que tive foi na casa da D.Latif ás 5 feiras para ver Silvio Santos, com direito á petiscos, docinhos, uma festa.
Depois, o sr Mario Sgarbi, nas famosas quintas feiras passou a colocar a TV na sua farmácia, aberta ao publico. Era um acontecimento, muita gente, muita gente mesmo.
Eu chegava cedo para ter direito á banquinhos, mas tinha os que levavam banquinhos, cadeiras…
Sair á noite para ver TV nos vizinhos, implicava em primeiro, pedir para meus pais:”posso ir ver TV?”. Depois descobrir onde ir assistir, saber que vizinho estava acompanhando sua novela. Não que houvesse muitas opções, mas o vizinho poderia estar assistindo aquela outra, ou então nenhuma, TV desligada, o que seria o maior dos horrores.
O hábito de assistir TV com as luzes da casa apagadas, só com os reflexos azulados de sua luz, ajudava a saber se a TV estava ligada. “Posso assistir TV na sua casa?”
No interior de SP a TV Tupi reinava absoluta e um pouco de TV Record.
Na Tupi, assistia as novelas “Antonia Maria”, depois “A Fábrica”, Beto Rockfeller, sucesso estrondoso.
A primeira vez que uma novela teve trilha sonora especialmente criada para ela, com direito á Bee Gees , Beatles.
Lembro de uma cena em que o personagem Beto Rockfeller perde numa aposta uma moto que não era sua, e fica arrasado com um problemão para resolver e vai caminhando por uma avenida de SP, que depois eu soube ser a av Sumaré e toca a música “Sentada á beira do caminho”. A música é longa, tocou inteira, maior clima. Inesquecível. Depois vi numa entrevista, o Lima Duarte, que foi diretor da novela, contar que essa cena foi feita assim pra enrolar, eles estavam sem texto pronto  .
 Os closes no rosto belíssimo da atriz Bete Mendes, ao som da música  F. comme femme, tambem tinha a mesma funçaõ, cobrir buracos, mas ficava lindo. Plinio Marcos, grande ator, grande escritor, arrasava como o amigo Vitório. Momentos históricos.
Na Record, “Familia Trapo” “Jovem Guarda” e os festivais de MPB.
Momentos inesquecíveis. Que tempos eram aqueles, que numa cidadezinha do interior, uma criança de 10/11anos, acompanhava os festivais, torcia pelas musicas preferidas, decorava as letras?
Ver nascer Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Zé, Mutantes. Tentar compreender Geraldo Vandré. Inesquecível.
Inesquecível também, o programa “Cidade X Cidade” do Silvio Santos. Ibitinga X Guararapes. Ibitinga ganhou. A Tia Vera se apresentou num número, com várias mocinhas bonitas, com miní saia dourada, mini blusa decorada com grãos de milho, botas brancas, um luuuxooo!!!
Em Ibitinga ver TV nos vizinhos ficou mais fácil. Os vizinhos eram amigos, depois meus avós compraram TV e aí ficou moleza, a TV era como se fosse em casa, tudo de bom.
Flávio Cavalcanti e “Mulheres de Areia”. Ainda nada de TV Globo.
Inesquecível a ocasião que a cidade inteira parou para ver o filme “Os Pássaros” de Hitchicock e quando o filme acabou ninquem acreditava, o que aconteceria depois?E aquele passarinho voando sozinho? Ia voltar?Tinha continuação? Ligaram para TV Tupi, no dia seguinte pedindo explicações, a rádio da cidade teve que avisar que o filme era assim mesmo.
Quando a TV chegou á minha casa em branco e preto, já estava perto da TV colorida
Morando em SP, logo comprei para meus pais, que ainda moravam em Ibitinga, uma TV á cores. Uma glória!!! Minha mãe guardou esse aparelho de TV para sempre.
E morando em SP a TV perdeu um pouco de espaço na minha vida, mas sempre assisti novelas, seriados, especiais de música.
Continuo vendo TV, mas assim, quando não tenho nada para fazer, não deixo de fazer programa nenhum para ver TV, mas sempre que posso, assisto.
Da queda da qualidade dos programas de TV, falo outro dia.
E hoje a TV reina absoluta nos lares brasileiros. Todo mundo tem, e a maioria mais que uma.
Podem acreditar, eu já tive TV até no banheiro…
Agora,  tenho TV na sala tirei a do quarto.
E a história da minha vida se enrosca com as histórias de TV.
Programas, seriados, novelas .
 Fantasia e realidade se enroscando na minha vida, na minha história.

sábado, 1 de setembro de 2012

LUXO

Tempos atras, Tatiana Rezende, de cujo blog sou fã assumidíssima, falava sobre os luxos da vida.
O que realmente poderia ser considerado luxo.
Hoje existe no mundo todo, inclusive no Brasil, um mercado de alto luxo, para um público AAA***.
E então, chegamos á questão: o que é luxo realmente?
Em cada tempo, em cada sociedade, existe o luxo subjetivo.
Pode ser luxo naquele lugar, naquele momento.
Pode deixar de ser á qualquer momento. Muito subjetivo.
Parei então para pensar nos meus “luxos”.
O primeiro “luxo” que tenho na memória, era quando morando em Tabatinga, práticamente uma vila, passava todas as férias em Ibitinga, que era maior, mais cosmopolita.
À cada férias eu voltava para Tabatinga sentindo me o “maximo”. Lançando moda, vendo filmes recém lançados, biblioteca, revistas. “Me achando”.
Mesmo porque até meus quinze anos, era isso que eu conhecia de perto: Tabatinga e Ibitinga, nada mais.
Ibitinga para mim, era Paris. Um luxo!
Em Tabatinga, na minha infância, ter uma lata de leite condensado Moça, só para mim, que eu sorvia devagarzinho para durar bastante, já era luxo!
Dos 15 aos 18 anos, passei á morar em Ibitinga, e entre os luxos dessa fase, posso falar dos amigos que fiz, que tanto acrescentaram á minha vida, que expandiram meu horizonte, também posso citar o fato de nessa idade, ter sido convidada á escrever para o jornal da cidade, colunista efetiva mesmo. Não era remunerado, mas era um luxo só!
Aos 18 anos fui para SP, e luxo passou á ser tanta coisa…
Trabalhar com moda, onde o trabalho por mais burocrático que seja, tem á ver com show, ver a moda com uma antecedência, conhecer modelos, imprensa especializada.
Preconceito julgar que nessa área há só supercialidade, glamour, anorexia.
Tinha muito trabalho, e foi com ele que por anos consegui  minhas conquistas e fiz grandes amigos.
Luxo foi fazer Letras na USP, mesmo sem ter concluído o curso.
Luxo, nos anos 80 foi meu irmão “Pardal” da loja Bossa Nova Discos, ter sido eleito por várias revistas e jornais de SP como a melhor de SP.
Sabe o que foi isso para quem veio de Tabatinga, e se destacou numa cidade como SP, onde até os amadores são profissionais? Um luxo mesmo!
Luxo foi toda minha vida em SP.
As pessoas que conheci, tudo que aprendi, o amor que consegui.
As perdas, as conquistas. As lições.
As livrarias, as lojas, a R 25 de março, a Oscar Freire. Desde a simplicidade dos sanduíches do bar C… do padre, os salgadinhos do Yokoyama da Lins de Vasconcelos, as esfiras do Jaber , a feijoada do Pardal no Brás, ou no restaurante Figueira,picanha do Rodeio, massas do In Cittá. O restaurante Carlino, no Arouche que já fechou, era o mais antigo de SP, o Bar Brahma que depois de reformado eu ainda não visitei. Comer em SP é luxo só!
E as padarias, então? Quer luxo maior?
Qualquer pingado em SP, em qualquer padaria é um luxo, Na  Santa Marcelina e na Galeria dos Pães , então…
Vivendo agora em Ibitinga, luxo são meus cachorros,  minha casa,  que eu chamo de meu castelo, não porque seja luxuosa, mas porque nela sou rainha .
  E os seus luxos? Quais são, quais foram? Se importa de me dizer?