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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

TRILHA SONORA

Li no blog  ABACATE BATIDO sobre a experiência da autora ao ganhar seu primeiro CD.
Pela narrativa, ela já é da geração que não conviveu  discos de vinil. Já pensa em como e quando vai conseguir se desfazer dos seus CDs e passar tudo para esses novos aparelhos technos.
E mais histórias: “eu sou do tempo” e lugar onde até o disco de vinil demorou á chegar.
 Em Tabatinga, durante todo tempo que morei por lá 1961 a 1971, nem loja de discos tinha. Nenhuma. Nunca.
 Mas o rádio era de uma força e uma importância, sem medidas.
À cada lançamento, cada musica nova dos nossos cantores favoritos, a gente ficava com papel e caneta para ir anotando a letra.
Saber a letra e cantar junto, fazia parte do pacote.
As vezes a gente deixava em uma estação de rádio, em um  programa, onde já sabíamos que a musica seria tocada, outras vezes, ficávamos procurando pela musica no radio.
 Dias e horas. Barros de Alencar e Hélio Ribeiro.      
 Uma vitrolinha e alguns discos, a maioria Compactos, já virava bailinho.    
Emprestar um disco para um amigo, convidar uma turma  para ouvir os discos em casa, compartilhar.
Era emocionante!
Eu esperava pelos discos do Roberto Carlos a cada final de ano, que o Tio Rosalvinho dava de presente para Tia Vera infalivelmente. As 14 Maisno meio do ano.
Beatles sempre. Bee Gees. Jovem Guarda. E as musicas dos Festivais.  
Ouvir discos era um ritual, um momento mágico, onde você juntava (cada um levava os seus) e depois repartia, a gente ouvia junto, era uma lição de respeito ao outro, porque ouvia se gostos diferentes, mas você esperava e curtia esperar, a sua vez.
Havia respeito, admiração pelas capas, você esperava um tempão para vê-las,
Eu disse VE-LAS. TE-LAS já era outra história…
Prazer compartilhado com amigos e que reunia a família. 
Quando comecei a trabalhar em SP, em dias de pagamento de salário, era praxe dar uma passada em uma loja de discos. Todo bairro tinha uma boa loja, ou mais. O prazer de procurar, como se tivesse garimpando os lançamentos, as promoções.
As vezes comprar um LP por causa de uma única musica.  Minha loja preferida era no Top Center na AV Paulista, ao lado do Cine Gazeta. Um bom acervo e bons preços.
Mas havia os verdadeiros Templos….MUSEU DO DISCO, HI-FI 
Nesses, eu ia só para passear, os discos eram mais caros.  O cuidado para não riscar, envolver no papel de proteção, e só depois colocar na capa.  
Na casa das minhas tias, o limpador de discos, era uma almofadinha de veludo vermelho.  Ouvir musica, era um fato agregador importante .
O primeiro som que comprei (de novo no Mappin), três em um sabe o que era? Toca discos, toca fitas e radio AM/FM.
Caixas de som. Gradiente    
No pequeno apto da R Eduardo Prado, para mim, aquele era o som máximo.  
Uma sensação de conquista inesquecível. Momentos muito bons, ao som de festas, e momentos de solidão boa . A musica e você, nada mais.
Gal Costa, Djavan, Caetano, Milton, e Roberto Carlos.
Uma fase em que ouvi muito Elis Regina e John Lennon.
Walkman nunca gostei. Qual a graça?
Já estava casada com o Decio quando chegou  CD.
Ganhei o primeiro aparelho portátil a ultima das novidades, do meu irmão Zé Luiz, que estava de mudança para Londres, e deixou o dele comigo.
A principio, o mercado oferecia pouquissimas opções de CD. E era muito caro. Só os cantores com publico mais sofisticado gravavam CDs.
Peguei a fase dos “piratas”,  eu adorava.
O prazer de garimpar de novo, e escolher, escolher. Consegui valiosas preciosidades na pirataria:
Zizi Possi “Para Inglês Ver” Rod Stewart cantando clássicos da musica americana, e todos os Roberto Carlos com que sempre sonhei em CD.
Depois foram rareando, e não tanto pelo policiamento, e sim pela falta de mercado. Ninguém mais compra CD pirata. Agora, cada um faz o seu.
O Decio, meu marido, totalmente dependente da tecnologia, já tentou me enredar pelo I POD, MP 1/2/3… Pen Drive, sei lá mais o que. Tudo muito variado, tudo muito individualista.
As pessoas “baixam” as musicas, muitas, milhares, e nem tem oportunidade de ouvi-las. Por enquanto, vou curtindo meus CDs,  saudosa dos discos de vinil, e das musicas e das histórias vividas com com as musicas, vividas através delas.  
As histórias ficarão sempre comigo, já os hábitos… talvez os mude…    
Resta descobrir a vantagem do novo, nesse caso.  
Juro que estou buscando.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

BRINCADEIRAS A PARTE

Tempos atrás, uma amiga de infancia, Verci Rossi,  foi com sua filha Isadora jantar em casa e nós rimos muito imaginando a reação das crianças de agora, se assistissem as brincadeiras de nossa infância.
Com certeza, estupefatos, duvidariam de nossa sanidade mental.
Imaginem a geração de agora, desligando seus celulares e computadores, parando para ver um bando sim, porque sem exceção só se brincava em turmas, (SOCIABILIDADE / ESPIRITO DE EQUIPE)

·        RODA : brincar de roda, por hoooraaass nada mais era que ficar de mãos dadas (geralmente meninas) rodando saltitante cantando: “ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar. Ou então: “você gosta de mim…? eu também, de voce …vou pedir ao seu pai….para casar com você”. Ter o nome selecionado e cantado nos versos, era a consagração suprema!

·        CABRA CEGA: olhos vendados, tinha que sair caçando um dos adversários estrategicamente espalhados pelo ambiente, e o primeiro a ser pego, castigo supremo: ele seria o próximo cabra cega”. (DESENVOLVIMENTO DO SENSO ESPACIAL)


·        PASSA ANEL: formava se um circulo, todos sentados, com as mãos juntas, como em uma prece, no centro alguém com as mãos fechadas contendo um anel. Ia passando as mãos fechadas, nas mãos também fechadas, dos amigos. O barato da brincadeira, era a cumplicidade com aquele que você escolhia em que mãos depositar o anel, sem que ninguém percebesse. Testava se a esperteza ao trocar o anel de mãos sem notado, e ao receber o anel com cara de paisagem, sem ninguém notar, porque o momento máximo da brincadeira era : escolher de surpresa um dos participantes e fazer a pergunta chave : “fulano, com quem está o anel?” Suspense… se acertasse, o premio era ser o passador do anel. Se errasse… o castigo era nenhum… ficava como estava. Ninguém acertou. Fazia se tudo de novo.

·        PULA SELA: uma criança se agachava, com as mãos no joelho. O Outro tinha que saltar sobre ela. Mais procurado pelos meninos. Com vários níveis de dificuldades, saltar com uma mão, saltar mãos fechadas e toda sorte de variantes.

·        LENÇO ATRÁS: o máximo da elaboração: os participantes formavam um circulo, com uma criança no centro, com um lenço. Ela corria no circulo disfarçando e deixava cair o lenço atrás de um dos participantes, de maneira sutil, evitando que ela percebesse, quem tivesse sido escolhida tinha que perceber o lenço, pega-lo, correr, alcançar a criança que jogou o lenço e dizer “peguei”. Se isso acontecesse, ela era vencedora, era a próxima criança a ir para o centro, se não percebesse que o lenço estava atrás dela, era eliminado do jogo.

·        PULA CORDA: esse é mais conhecido: Era preciso três pessoas: uma para cada ponta da corda. E a outra pulando.. Quando a corda batia nas perna, “queimou”, saía, ia ajudar bater a corda para o outro. Treino de parceria e disciplina. Esperar sua hora e sua vez. (COORDENAÇÃO MOTORA)

·        QUEIMADA: Esse era mais agitado. As meninas se misturavam com os meninos, formando dois times. Um traço de giz na rua, um time de cada lado. Era só jogar a bola com MUITA FORÇA, tentando atingir o adversário. Os atingidos eram eliminados. O vencedor era quem tinha mais agilidade para fugir e driblar a bola, e/ ou boa pontaria para acertar o arremesso

·        AMARELINHA: De vez em quando pode se ver alguma amarelinha riscada em alguma calçada. Era uma brincadeira muito, muito comum. Meninos e meninas. Agilidade nas pernas, nos pés, coordenação motora nos lançamentos, cuidados para não queimar (COORDENAÇÃO MOTORA)

·        ESCONDE- ESCONDE : Uma criança escondia o rosto, tapava os olhos com as mãos, e contava até 10, dando um tempo para as demais se esconderem. A ultima a ser encontrada era a vencedora. As vezes essa brincadeira ia loongeee..


·        SAQUINHO: Cinco ou seis saquinhos, não me lembro ao certo. Destreza e coodernação motora. Eram feitos de panos, recheados com arroz. As vezes era jogado com pedrinhas. Fazia se uma ponte com a mão esquerda, colocando polegar e indicador numa base, que podia ser em uma mesa, no chão, Os saquinhos eram passados por essa “ponte”, enquanto simultaneamente, um era jogado ao alto,e tinha que ser pego com a mão direita? Derrubou? Perdeu. Era vez do outro.
(COORDENAÇÃO MOTORA)

 Isadora, filha da de Verci, com 18 anos, disse que se hoje eu convidar alguém para brincar de saquinho “, vão pensar em drogas: saquinho de maconha, saquinho de cocaína. Pedrinhas? Só se forem de crack.


Eu e o Decio dizemos, que se uma criança ou adolescente  de agora, visse algo assim pensaria que eramos alienigenas e diria: “ POR FAVOR ..... ME LEVE AO SEU MESTRE”.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

MICOS & MICOS

Tempos atras, li sobre os “micos” que a gente paga no decorrer da vida, no sempre inspirado blog LUCY IN THE SKY, agora CONFESSO QUE VIVI
Sei que já paguei verdadeiros King Kongs, mas a vantagem de ter mais de 50 anos de idade, é que a memória já não registra com muita eficiência, ou então a gente a partir dessa idade já nem se importa mais…
Mas alguns merecem registros:
* Em 1975, quando me mudei para SP, ainda exista garoa, neblinas.
Eu, recem chegada, ao abrir a janela do décimo andar do apto em que morava, imaginei que era quase neve, dia muito frio.
Calcinha, sutiã, meia calça, uma bonita bota marrom, comprada a prazo na Lojas Peter, e um casaco de veludo vinho, feito por minha tia Cleide.
As produtoras de moda de agora, chamariam de Trench Coat.
Sem conhecer o ditado paulistano ”Dia nublado, calor dobrado”.
As 11 horas, sol a pino, eu já não agüentava o calor, e não tinha como tirar o casaco: só calcinha e sutiã por baixo.
Em tempos de raros aparelhos de ar condicionado, passei o dia todo trabalhando embrulhada em veludo . Ninguem entendeu nada…
* Depois de um ano de empresa, minha primeira férias, fui com minha irmã Liliana, minha amiga Antonia Landi para Rio de Janeiro.
Eu já conhecia  praia, tinha passado uma temporada em Caraguatatuba com a família Bocca, mas era uma casa isolada, só caminhar um pouco na areia direto para o mar.
Mas agora, era minha primeira vez em hotel.
A Antonia, paulistana da gema, até tinha apto na praia, já sabia como podia e devia se portar.
No café da manhã, desceu de saída de praia, chinelo.
Eu e minha irmã impecavelmente vestidas: calça jeans, camiseta e sapato.
A Antonia tentou com toda sutileza, como é de seu feitio, nos convencer a irmos mais a vontade.
Sem acordo.
No restaurante, no saguão do hotel, assim, quase sem roupa??? Nem pensar…
Só tiramos a roupa ( o biquíni por baixo), depois de estendermos a toalha na areia.
Mas valeu: á noite show do Roberto Carlos no Caneção
Me parece que foi a primeira temporada dele lá.
* No inicio dos anos 80, quis mudar o visual de forma radical: ficar loira.
Clareei os cabelos, assim fiquei por cerca de uma  hora, estranhei, pedi para voltar ao castanho de sempre.
No dia seguinte, resolvi alisar.
Em tempos pré escovas progressivas, passei uma pasta sabe se qual, sabe se lá o quê , e minutos depois, comecei a sentir o cabelo derreter. Liguei para Marta minha cabeleireira, com aparente calma e perguntei com voz tranqüila: “Marta, agora que escureci o cabelo, posso alisar?”
Ela: “Nem pensar, não faça isso de jeito nenhum”.
Corri para o chuveiro, com roupa e tudo, ele ficou esquisito, mas deixei secar naturalmente e fui dormir.
Na manhã seguinte, meu cabelo estava cor de abobora, armado tipo Dong King, não havia tiara que segurasse, eu não tinha um lenço para amarrar e não dava para sair daquele jeito.
Pus um chapéu preto, desses de festa, casamento, e assim peguei taxi para ir ao cabeleireiro, que só pôde  ser cortado raspadinho.
Gastei para ficar loura, gastei meia hora depois para voltar a ser morena, gastei no conserto, e paguei o mico de pegar taxi com chapéu de festa as 8 hs da manhã .
* Morando em Ibitinga, um amigo de meu irmão, convidou Decio, meu marido para um carneiro assado no buraco que seria feito em uma chácara.
O Decio achou que era um convite, aceitou na hora, nem desconfiamos que teria que ser pago.
O Neto, meu irmão, percebeu nosso engano, e muito sutilmente, comprou 2 ingressos, que eram bem caros, por sinal, me parece que era uma festa beneficente.
Quando ele nos entregou os convites, vimos os preços, ficamos meio sem graça, nós jamais pagaríamos aquele valor para um passeio assim.
Na noite do tal “carneiro do buraco” caiu uma tempestade na cidade, eu me lembro de ter ligado para meu irmão e dizer que achava que nem ia ter , porque imaginei:como assar um carneiro no buraco, com   chuva?
Meu irmão me confirmou que ele já estava lá.
Acabou a energia elétrica no meu bairro.
Nós não pensamos em desistir por causa do preço que meu irmão pagou, iria parecer desfeita.
Fomos a casa das minhas Tias Cleide e Lucia, tomamos banho, lavei o cabelo, pus uma saia jeans, sapato baixo, uma blusinha simples, cabelo molhado, (coisa que nunca faço).O Decio, sem grandes problemas: calça jeans e camiseta OK.
Imaginava uma cena simples e bucólica; alguns poucos amigos, ao redor de uma fogueira, na chácara, curtindo um churrasco, conversas intimas, coisas de filme americano.
Quando chegamos a chácara nos impressionamos com a quantidade de carros estacionados, mais ainda com o luxo do guarda roupa dos convidados.
Paetês, brilho, salto alto, musica ao vivo, jantar dançante.
Foi um susto.
Como chegamos atrasados, todos pararam e ficaram olhando.
Ninguém veio falar conosco, nos sentamos numa mesa isolada, ficamos lá quietinhos.
Não vi buraco, não vi carneiro.
Vi garçons, maitre, essas coisas.
Uma das garçonetes, Jussara Mancini, era uma velha conhecida, e é uma pessoa muito divertida, bem humorada, era com ela que conversávamos, quando ela tinha uma folga.
Eu perguntei para ela qual era a carne de carneiro, porque não iria comer, que não comeria carneiro jamais, porque me lembra um poodle.
Ela me respondeu que comeria um poodle se alguém lhe dissesse que era carneiro…
Ficamos por lá cerca de uma hora, saímos de fininho…
* Estava no Shopping de Ribeirão preto, fui ao banheiro, saí as pressas, com a saia presa na calcinha. Um rapaz, simpático, veio me avisar.
*  Dia desses, estava no supermercado, encontrei o cunhado da Denise, uma amiga e colega de trabalho, com sua filha de 4 anos no colo. Uma fofa.
Nós só nos tínhamos visto uma vez, estranhei um pouco, quando ele veio, me cumprimentar, perguntou do trabalho, falamos da sua filha, e só na hora do tchau, ele me avisou que minha saia estava presa na calcinha.
DE NOOOVOOO!!!.
Mas eu já tinha dado uma boa volta pelo supermercado…fóra o tempo que fiquei falando com ele com calcinha exposta...

Mas o bom é poder lembrar e rir muito!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

PERDAS

Nesses últimos dias, tenho pensado muito sobre o real valor da PERDA.
O que de fato é a perda, o tamanho que cada coisa perdida tem para casa um.
È tão vago… ao mesmo tempo tão denso e tão complexo…
Passei a pensar e analisar sobre isso, sem chegar a nenhuma conclusão, pelo contrario. Nada esclarecido, tudo mais confuso.
A maior de toda e qualquer perda: a morte.
Não viverei a incomensurável dor da perda de filhos, por não te-los, mas penso: o que se faz na vida, da vida, depois de uma perda dessas?
Qual o conceito de avaliação que será seguido á partir daí?
Perder um bem material, perder um membro, perder a fala, a visão, sei lá, não fica tudo pequeno? Não fica tudo menor?
As vezes, sofremos perdas tão grandes, que parece que depois delas, o que mais vai importar perder?
Acho que a avaliação real do tamanho e importância da perda, é quando depois dela nada mais importa, tudo parece pequeno.
E quando e qual é o limite de cada um?
Sei de um jovem PROFESSOR em Ibitinga, que claro, somado a outros problemas, talvez depressão, suicidou se depois de perder o EMPREGO.
Aquele foi seu limite.
E de verdade, nos tempos de enchentes a frase mais ouvida nos noticiários: “perdi tudo”. O que é esse TUDO naquele momento?
O casal da Pousada de Angra Reis, que na passagem do ano de 2009/2010 perdeu a única filha e todos os seus bens matérias, a partir daí, o que passa a ter valor na vida?
Acho a partir dai  nada mais importa ter ou perder.
Perder amigos, amores, não no sentido físico, é difícil, mas superável.
Perder dinheiro.
Não aquilo de perder carteira. Perder grana alta.
Ter bens, carros, imóveis e de repente… não ter mais.
Deve ser bem pior que não ter tido nada nunca.
Porque junto com essa perda, segue a perda da autoestima, status, dos conceitos.
Essa perda é difícil mas também superável.
Tudo vai depender do valor real que essa perda terá.
Que importância cada um dá para os bens materiais?
Há pessoas que as supervalorizam e depois não sabem viver sem ou com menos. Se delas for feito o sentido principal da vida, ou então muito importante,#prontodançou#… nada mais resta.
Perder o crédito é terrível, mas reversível.
Perder credibilidade é muito pior.
Eu diria que é para sempre.
Certas coisas não se recuperam nunca mais.
Credibilidade é como virgindade:`Perdeu: acabou.
Perder tempo. Essa é uma perda preciosa. O tempo que passou, esse segundo, esse momento, agora, não se recupera mais.
O cada fazemos com cada tempo, todo o tempo é um grande compromisso humano.
È quando avaliar a perda exige mais sabedoria.
Como usar o tempo para que não seja perdido. Até o tempo sem fazer nada. Só vendo o tempo passar.
Perder a oportunidade. Aquele segundo que ela passa por nossa frente. Montar no cavalo, seguir em frente? Ou melhor não?
A oportunidade nos negócios, nos amores, na vida.
Perder a fome. Preocupações para alguns , sonho de outros (Meu caso)
Perder a memória. O que mais me assusta. Mas certas coisas, melhor esquecer, com certeza.
Perder a esperança. Viver a vida achando que tudo vai ser sempre igual, sem boas perspectivas futuras deve ser uma sensação sufocante de fim.
 Aprender a perder .
A hora de lutar e a hora de desistir… ???
Penso em casos que as perdas foram tão grandes e tão fortes que as demais perdas nem contam mais. Isso deve atrapalhar o critério de avaliação: o que realmente importa?
Pode deixar a sensação que nada vale a pena, para alguns, nem a própria vida.
Que tipo de perda estimula?
De fazer a gente querer mais ou querer tudo de novo?
Vão se os anéis, ficam os dedos?
Estou me lembrando de uma frase ‘O HOMEM É A MEDIDA DAS COISAS”.
Tudo fica do tamanho, da importância que a gente quer.
Cabe a cada um decidir.

domingo, 18 de novembro de 2012

CLASSICO E TRADICIONAL. COMO EU VEJO...

Alguns e especiais blogueiros, atendendo a um pedido meu escreveram sobre ‘CLÁSSICO E TRADICIONAL”.

Visões espertas e bem escritas.
E eu? O que penso sobre clássico e tradicional?
Como sou um tanto nostálgica, tenho dificuldade em fazer essa sintonia fina.
As vezes, pode ser que não sejam nem clássicos, nem tradicionais, e só saudades.
Vamos a uma avaliação parcial e pessoal.
Clássico fica sendo, o que atravessa tempo, gerações,
Tradicional é o que vira hábito, costume, e segue.
Nem sempre de forma espontânea. Pode ser até imposta: “ sempre se fez assim”.
Mas tudo é muito interessante, sob o aspecto de história.
História do mundo, histórias de vida. Histórias.
No programa”Café Filosófico” da TV Cultura de SP, um filósofo disse que essa geração e as futuras, não terão clássicos, não terão nostalgia, que tudo passa tão rápido, que não dá tempo de marcar nada. Não terão lembranças.
O que dos dias de hoje poderá vir a ser clássico, tradicional? 
Clássico é uma beleza Grace Kelly , sensualidade Marilyn Monroe, estilo e elegância Audrey Hepburn. E Paul Newman. Lindo forever
Na moda, um pretinho básico, colar de perolas, salto alto fino, serão para sempre.
E á despeito de modismos, tons nude, laranja, o que fica valendo é um bom batom vermelho. Sempre.
Na musica, esbanjando obviedade: Beatles. Elvis.
Roberto Carlos será para sempre, podem acreditar.
Na comida, nosso arroz com feijão tão tradicional, já não ocupa lugar de destaque.
Perde espaço para todos tipos de guloseimas, que vieram de todos os lugares.
Ficará nosso arroz/feijão, bife e batata frita do dia a dia?
Gerações futuras, falarão de Harry Potter, Senhor dos Anéis? Acho que sim.
Avatar?
Como avaliar? Vejo Charles Chaplin perdendo lugar na história…
E romances, livros e filmes de amor, tipo “O Vento Levou…” (Assisto sempre que posso.)
Novos estilos de musica, de roupas, de comportamento, de moda.
Novos hábitos , tudo novo sempre, á cada minuto.
Perfumes, por exemplo, eram para sempre.
As famosas gotas do perfume Channel numero 5. Um clássico?
Desde que casei uso o perfume Paris de Yves Saint Laureant.
A primeira vez que comprei, foi sugestão do Decio, que sentiu o perfume em uma colega de trabalho, gostou, trouxe o nome marcado em um pedaço de papel.
Na era pré liberação dos importados, foi uma dificuldade encontrar, e quando encontrei era caro, muito caro.
Hoje nem tanto…
O uso do perfume era restrito á ocasiões especiais, momentos especiais.
Um dia desses, ao cumprimentar uma simpática senhora de oitenta e tantos anos, o Decio disse que sentiu esse perfume nela.
Nada contra, pelo contrário. Ela era uma graça, mas se esse era um dos mais marcantes sinais sex appeal que eu tinha, acabou ali.
Agora, é só um bom perfume. Não virou clássico. Ficou velho?
Clássico e tradicional são sinônimos?
Não fico parada no tempo, levo a saudade comigo.
Vou vivendo e levando, assimilando o novo que vale a pena, descartando o que não compensa.
O que ficará tradicional, o tempo dirá .

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

VIVENDO E APRENDENDO

Esse blog foi criado há  anos atrás, sem compromisso nenhum, só com o objetivo de retomar um hábito que mantive durante anos, de escrever um diário.
E essa sempre foi minha postura.
Escrevo no blog, de forma espontanea sobre o que me dá na telha.
Coisas banais, coisas importantes, mas sempre muito pessoais.
Escrevo como se nunca alguem fosse ler.
Andei tendo algumas surpresas.
A primeira delas foi quando do nada, meu blog ficou uma “temporada” como destaque no portal TERRA , o que foi um acontecimento interessante pois “conheci” blogueiros de primeira linha, alguns mantenho contato até hoje e tem valido muito a pena.
Tempos depois a surpresa do reencontro com amigos da cidade de Tabatinga, que não vejo desde minha adolescência, quase quarenta anos.
Recebi comentários no blog de um fã da antiga loja de discos Bossa Nova, que pertencia a meu irmão Pardal. Surpresa!!
Recentemente através do blog,fui contactada pela Revista Sorria da Rede Droga Raia,para uma materia sobre viagens.Espero não perder a essência da origem desse blog que é falar o que me der vontade sem policiamento algum.
Porque como moro numa cidade pequena, nem sempre é possível manter naturalidade em situações assim.
Tenho falado aqui de coisas íntimas até, sempre com muita verdade e transparência.
Nem sempre vou agradar á todos, não quero nem devo me preocupar com isso.
Quero ser eu mesma, de verdade, narrando minha vida, minha história.
Como já disse outras vezes não tenho filhos para quem possa deixa-la
E falando de mim, da minha história, faço um novo registro, sobre a importancia de S.Paulo em minha vida..
Ir para São Paulo, viver por lá, foi o que de maior e melhor eu fiz por mim mesma.
Só quem cresceu no interior, em remotas eras, como é meu caso, quando nada era tão integrado como hoje, pode avaliar a transformação que sofri.
Há os que foram para SP, mas mantiveram pés e cabeça fincados em terra natal.
Acabaram voltando, com as mesmas idéias e perspectivas de quando foram… Acrescentaram tão pouco… Perderam tão boas chances de ver que o mundo pode ser tão maior…
O que de melhor e maior que eu fiz por mim mesma, indo para SP foi ter aprendido que temos livre arbítrio nas proprias decisões, desde que respeitemos o espaço do outro.
Aprendi a não julgar ninguem e não me importar com julgamentos á meu respeito
Aprendi que não estou aqui para provar nada e sim para fazer o que posso fazer da melhor maneira.
Ir para SP livrou da certeza de uma mentalidade pequena e tacanha, onde TER ou PARECER TER vale mais que SER.
Lógico, que como tudo há as exceções.
Há mentes privilegiadas que aprendem com o tempo, com a vida, com os livros.
Com informações, com inteligência e sensibilidade.
Pessoas que seriam especiais em qualquer lugar que vivessem.
Não sei se eu estaria incluída nessa nobre turma.
Precisei viajar para conhecer, apanhar para aprender…

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

REENCONTRO

* Texto escrito para LIDIA CRUZ MALASPINA em Dezembro/2009
 
 
 
 
 
Surpresa boa receber comentários da Lídia Cruz Malaspina no meu blog.
Uma amiga que não vejo desde inicio dos anos 70, mas que esteve sempre presente em minhas lembranças, em minhas histórias.
Nunca esqueci sua amizade, sua família.
Seus irmãos Toninho e Bibi, dois dos rapazes mais bonitos da cidade.
Eu tentei bancar o cupido e arranjar o Bibi como namorado para a Sirlei, minha melhor amiga.
Não deu certo, havia uma diferença de idade, ele já um moço, indo para faculdade, ela nem quinze anos…
Lembro me do “Seo” Aristides, seu pai, bem humorado, como trabalhava na prefeitura de Tabatinga, as vezes , ganhava ingressos para circos e parques de diversão que passassem por lá, e me convidava para ir com sua família.
Uma mordomia, um luxo para época.
Os grandes nomes da verdadeira musica sertaneja: Cascatinha e Inhana, Tonico e Tinoco, por aí…
Dona Lídia, sua mãe, de uma educação e gentileza mais séria, mais quieta.
As noites de quinta feira na casa da Dona Latif, para assistir Silvio Santos na TV.
A Dona Lídia, tinha uma cristaleira na sala, onde meus olhos atentos e curiosos ficavam espertos para os copos bonitos, enfeites.
E o mais importante: uma arvore de natal, bem pequena, que ela deixava guardada, já montada, meio que escondida.
Eu espichava os olhos para ver. O Natal era algo tão esperado… e aquele era um sinal que eu recebia o ano todo, de  que ele viria, era só esperar.
E quando chegava o natal, a arvore ia para um lugar de destaque: em cima da cristaleira. Pronto, já era festa!!!
Como esquecer o balde de gelo, que eu ia t-o-d-o-s os dias buscar para meu pai, na hora do almoço. Como esquecer a Lídia, parecidíssima com a mãe, bonita e quieta, sempre sensata.
Que me levou ao colégio, então ginásio pela primeira vez, primeiro baton, primeiro esmalte.
Brincadeiras na rua de queimada, e tentativa de andar de bicicleta. Eu nunca aprendi.
Depois quando distanciamos a convivência, ela estudando de manhã, eu á tarde, descobrimos que sentávamos na mesma carteira na escola, trocavamos bilhetes.
 Eu deixava um bilhete preso embaixo da mesa, ela respondia. Seria nosso MSN, mas muito mais legal.
Ela se casou, eu me mudei, nunca mais nos vimos
Esse reencontro e os demais com meus contemporaneos de Tabatinga, devo ao Osmar Malaspina, outra figura inesquecivel, que me "achou" na internet
Para a Lidia, todo carinho de momentos bons vividos.
Momentos bons, que sempre tive na melhor das lembranças.
Ficaram. E foi para sempre. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

FINADOS

Quando eu era criança e morava em Tabatinga, fui aprendendo que Finados era um dia triste, cheio de reservas, especialmente para os que haviam perdido entes queridos.
Embora a medicina não tivesse ainda cura para doenças que hoje são tratáveis, câncer era inegociável, pontes de safena, transplantes, eram ficção científica, não havia tantas mortes por violência, não havia mortes no trânsito, aliás, não havia violência, nem trânsito.
Em tempos em que não se ouvia falar sobre aquecimento global, todos os anos, nesse dia, fazia muito sol, muito calor e chovia no final da tarde.
Sempre, todos os anos.
Ir ao cemitério era um passeio. Introspectivo, mas, passeio.
Eu não tinha nenhum parente enterrado por lá, nem tinha sofrido ainda nenhuma grande perda na vida, eu ia com as amigas passear, encontrar velhos conhecidos, ver os túmulos, quase sempre reformados para essa data.
E a gente ia andando por entre os túmulos, vendo as fotos, vendo quem tinha os arranjos de flores mais caprichados. Poucas flores naturais, rosas, dálias, palmas de Santa Rita, plantadas nos quintais, a maioria dos arranjos era feito de flores de papel crepon.
Nós íamos contando as histórias da vida, e circunstâncias da morte de cada um.
Visitava o túmulo das irmãs gêmeas que foram passear caíram no rio, morreram afogadas…
Os túmulos bonitos de mármore, com anjinhos de bronze: chiquérrimos!
E assim íamos entre as doces melancias vendidas aos pedaços, reverenciando os mortos.
Em 1970, quando já estava morando em Ibitinga, o ritual do Dia de Finados se repetia
Sempre foi uma data em que os parentes que moravam em outra cidade voltavam para reverenciar seus mortos e visitar amigos e parentes. Era um dia de reencontro.
Em Ibitinga, sempre visitava o túmulo de ciganos, cheios de enfeites, com uma porção de pedrinhas que diziam se você fizesse um pedido, virasse uma pedrinha e rezasse uma Ave Maria, o pedido se realizaria.
Eu sempre fazia o pedido, mas nunca soube se algum se realizou, ao sair dali já nem lembrava mais que pedido tinha feito.
Em Ibitinga essa data ficou ainda maior: mais gente, mais histórias, mais túmulos bonitos, mais barracas de melancias espalhadas pelo percurso.
Carros ainda não podiam ainda ser considerado meio de transporte, era um sobe e desce de pessoas fazendo o caminho á pé, parando nas barraquinhas para comprar velas, fósforos, flores.
À partir de 1975, quando fui morar em SP, Finados passou á ser feriado, para passeio, descanso, viagens.
Em 2000 voltei á morar em Ibitinga, e meu ritual passou á ser ir com minha mãe e irmã, levar flores ao túmulo de meu pai.
Uma sensação estranha, uma dor sempre constante, ver seu nome completo, e ao lado o apelido “LuLa’
Hoje tradição mantida, agora meus irmãos morando fora da cidade, só fomos nós duas,e eu observei e fiz calculos da vida  e morte de meu pai: Olhando a placa com datas, pude ver como tudo aconteceu cedo demais para ele:
Aos 18 anos teve seu primeiro filho, aos 62 anos morreu,depois de 5 anos de hemodialise.  
A constatação dura, difícil, de ver ali, escancarado: ACABOU.
E nesse finados, um cantinho especial para lembrar da Tia Vera.
Um finados com sol, muito calor, sem melancias, sem as conversas leves que só a infância nos permite.
Saudades e tristeza, porque não?